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30/Jul/2025

FMI: projeções da economia global em 2025 e 2026

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em sua atualização do relatório de Perspectiva Econômica Mundial (WEO), a economia global continua demonstrando resiliência em meio a um cenário de incerteza persistente. A projeção de crescimento mundial foi revisada para cima, com expectativa de expansão de 3,0% em 2025 e 3,1% em 2026, aumento de 0,2% e 0,1%, respectivamente, em relação à projeção de abril. O FMI atribui a melhora à antecipação de tarifas mais altas, à melhoria nas condições financeiras e à expansão fiscal em algumas grandes jurisdições. Em relação à política comercial norte-americana, a trégua tarifária entre Estados Unidos e China em maio, válida até agosto, ajudou a reduzir as sobretaxas efetivas. As taxas efetivas de tarifas caíram, mas as cartas do governo norte-americano enviadas a parceiros comerciais ameaçam impor tarifas ainda mais altas que as anunciadas em 2 de abril.

As incertezas fiscais nos Estados Unidos persistem, mesmo após a aprovação da lei orçamentária, que trouxe clareza no curto prazo. As condições financeiras globais melhoraram: os mercados acionários dos Estados Unidos se recuperaram amplamente e o dólar continuou se depreciando, contrariando expectativas. O enfraquecimento da moeda norte-americana abriu espaço para a política monetária em emergentes, enquanto curvas de juros se inclinaram diante de preocupações fiscais. Apesar da estabilidade, há distorções ligadas ao comércio. No primeiro trimestre de 2025, o crescimento econômico global superou em 0,3% a previsão anterior, com destaque para forte antecipação por empresas e famílias norte-americanas diante de preços mais altos induzidos por tarifas. Os riscos para a perspectiva permanecem inclinados para o lado negativo.

Se as taxas tarifárias forem reajustadas para os níveis de 2 de abril ou mais altas em 1º de agosto e a tarifa de 50% sobre o cobre for implementada, isso reduziria o crescimento global. A imposição de tarifas setoriais adicionais em áreas como eletrônicos e produtos farmacêuticos deve aumentar as taxas tarifárias efetivas e criar gargalos que amplificam o efeito direto de impostos mais altos, já as medidas não tarifárias direcionadas a insumos críticos poderiam levar a mudanças dos locais das cadeias de suprimentos globais. O FMI ainda alerta para uma escalada das tensões geopolíticas, particularmente no Oriente Médio ou na Ucrânia, podendo introduzir novos choques negativos de oferta na economia global. Rotas de transporte e cadeias de suprimentos podem ser interrompidas enquanto os preços das commodities sobem, especialmente se, ao contrário do que aconteceu em junho, a infraestrutura de suprimento for danificada.

O crescimento nas economias avançadas deverá ser de 1,5% em 2025 e de 1,6% em 2026. Os prognósticos foram revisados em leve alta, de 1,4% e 1,5% no relatório anterior. Nos Estados Unidos, com as taxas tarifárias se estabelecendo em níveis mais baixos do que os anunciados em 2 de abril e condições financeiras mais flexíveis, a economia deverá se expandir a uma taxa de 1,9%, ritmo 0,1% mais alto do que a previsão de referência de abril. Para 2026, o FMI projeta que o crescimento aumente para 2,0%, principalmente por meio de incentivos fiscais para investimentos corporativos da lei orçamentária One Big Beautiful Bill, do presidente norte-americano Donald Trump. Esse valor é 0,3% maior do que a previsão anterior. Apesar dos cortes de gastos e das relevantes receitas tarifárias, os déficits fiscais dos Estados Unidos deverão ser maiores do que no WEO de abril.

Na zona do euro, o crescimento deve acelerar para 1,0% em 2025 e para 1,2% em 2026. A revisão para cima para este ano reflete um aumento historicamente grande nas exportações farmacêuticas irlandesas para os Estados Unidos. A previsão para ano que vem permaneceu inalterada nos últimos três meses. Em outras economias avançadas, a expectativa é de que o crescimento desacelere para 1,6% em 2025 e aumente para 2,1% em 2026 em meio às tarifas norte-americanas. Prevê-se também estímulo fiscal nas principais economias no curto prazo, inclusive na China, na Alemanha e nos Estados Unidos. A estimativa de crescimento da China em 2025 foi elevada, após uma atividade mais forte do que o esperado no primeiro semestre e diante da redução significativa nas tarifas entre Estados Unidos e China. A expansão chinesa foi revisada para 4,8%. O prognóstico no relatório de abril era de 4%. Espera-se que uma recuperação na acumulação de estoques compense parcialmente o retorno do investimento previsto no segundo semestre de 2025. O crescimento em 2026 também foi revisado para cima, de 4% para 4,2%, refletindo novamente as tarifas efetivas mais baixas.

A Índia também teve o crescimento projetado revisado para cima, a 6,4% em 2025 e 2026, refletindo um ambiente externo mais favorável do que o assumido na previsão de referência de abril. Naquele relatório, a projeção era de 6,2% para este ano e de 6,3%. Parceira da China e da Índia no Brics, a Rússia teve seu prognóstico de crescimento revisado para baixo. A estimativa de 2025 passou de 1,5% em abril para 0,9%. Para 2026, o prognóstico passou de 0,9% para 1%. O FMI revisou a projeção de volume do comércio mundial para cima em 0,9% para 2025 e em 0,6% para baixo em 2026. Com isso, a previsão de crescimento é de 2,6% este ano e de 1,9% no próximo. É esperado que a compensação de curto prazo proporcionada pela antecipação de alguns fluxos comerciais, em vista da elevada incerteza da política comercial e das tarifas, desapareça no segundo semestre de 2025, com a expectativa de que o retorno associado se materialize até o próximo ano.

Os acordos comerciais dos Estados Unidos com a União Europeia e com o Japão não devem gerar grandes mudanças nas projeções econômicas para o ano nos próximos meses. As tarifas acordadas nesses acordos são semelhantes às tarifas efetivas dos Estados Unidos, subjacentes às suposições do FMI. É preciso observar se esses acordos comerciais serão mantidos ou se serão desfeitos. Já é possível verificar um aumento de preços por conta das tarifas, o que deve avançar ainda mais no decorrer do ano. Ainda, a depreciação do dólar é um desdobramento relevante nos últimos meses. Em relação à China, a demanda doméstica na potência asiática continua relativamente fraca. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.