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29/Jul/2025

Setor privado dos EUA sugere prorrogar as tarifas

Representantes da iniciativa privada norte-americana sugeriram o envio de um novo manifesto à Casa Branca solicitando a postergação da cobrança da tarifa de 50% ao Brasil, prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º de agosto. A ideia foi proposta durante uma reunião de senadores brasileiros com lideranças empresariais de setores como petróleo, farmacêutico, agroquímico, bens de consumo, siderúrgico, tecnologia, transporte e financeiro, realizada na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington, nesta segunda-feira (28/07). Segundo o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), a classe empresarial precisa de previsibilidade para poder se adequar, principalmente no caso de produtos perecíveis. O manifesto seria enviado em nome da Câmara de Comércio dos Estados Unidos antes de sexta-feira (1º/08), quando os produtos brasileiros começarão a ser taxados em 50%.

Nelsinho Trad, que lidera a missão de senadores a Washington, reconheceu a dificuldade de obter o adiamento das tarifas ao Brasil. O manifesto é uma nova ofensiva do setor privado norte-americano. A Câmara de Comércio dos Estados Unidos e a Câmara Americana de Comércio no Brasil (AmCham Brasil) emitiram, no dia 15 de julho, uma declaração conjunta, pedindo que os governos dos Estados Unidos e do Brasil a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais ao País. O senador defendeu ainda "razoabilidade" na questão. As lideranças empresariais norte-americanas afirmaram que essa é uma situação ruim para o Brasil, porém, muito ruim para os Estados Unidos também. Participaram do encontro participantes de empresas como Cargill, Carterpillar, DHL, as petroleiras Exxon Mobil e Shell USA, IBM, Johnson & Johnson, Guilead Sciences, Kimberly-Clark, Novelis, S&P Global, The Dow Chemical Company, dentre outras.

Questionado sobre as críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Nelsinho Trad disse que o objetivo da missão não é "bater boca", mas "azeitar" a relação do Brasil com os Estados Unidos "que esfriou". Em um post no 'X', o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que os parlamentares devem ter um início "bem difícil" por trabalharem com uma pauta contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está no início do seu mandato e tem a maioria na Câmara e no Senado. Nesta terça-feira (29/07), a agenda dos senadores brasileiros está reservada para reuniões com parlamentares norte-americanos dos partidos Republicano e Democrata. Ao menos seis integrantes confirmaram participação até o momento. Os detalhes do encontro não foram revelados. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou que foi solicitado à Câmara de Comércio dos Estados Unidos que intermedeie uma conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Às vésperas da entrada em vigor da taxação de 50% a todos os produtos brasileiros, ele defendeu a necessidade de separar a agenda econômica da política. O líder de governo no Senado (Jaques Wagner) já propôs que a Câmara de Comércio dos Estados Unidos possa intermediar também um encontro ou um telefonema entre os dois presidentes o mais rapidamente possível. Não importa o formato da conversa, mas é importante que essa comunicação ocorra de forma rápida. Quanto à disposição de Lula em falar com Trump, Viana disse que o líder do governo no Senado, o senador Jaques Wagner (PT-BA), sinalizou que o Brasil está disposto a conversar. O presidente por meio do líder do governo no Senado já deixou claro que nós estamos dispostos a conversar sobre todas as áreas. O senador defendeu que o Brasil precisa trazer à mesa assuntos que são dos interesses soberanos, mas que envolvem outras nações.

Conforme Viana, o que incomodou os norte-americanos foi a intenção dos Brics, grupo do qual o Brasil faz parte, querer criar uma nova geopolítica na área militar. Esse é o principal problema hoje. O principal problema não está sendo a questão política de anistia. A anistia é um dos pontos que está sendo colocado pelo governo norte-americano. A questão econômica das tarifas será endereçada por meio de um novo manifesto da Câmara do Comércio dos Estados Unidos, desta vez direcionado à Casa Branca, solicitando a postergação do início da cobrança das tarifas de 50% ao Brasil. Sobre os minerais raros brasileiros, o senador disse que todo investimento norte-americano é "muito bem-vindo" no País, mas tem que ser feito dentro de uma "negociação que não seja de ameaças".

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que o foco do governo federal nesta semana é negociar com os Estados Unidos uma alternativa para a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros. Mesmo assim, Alckmin avaliou como "importante" a consolidação de um plano de contingência. O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo e bem-feito. O governo brasileiro está permanentemente no diálogo, pelos canais constitucionais e na reserva. Segundo Alckmin, o governo brasileiro encaminhou aos Estados Unidos, por meio de uma carta de caráter confidencial, explicações sobre pontos comerciais entre os dois países. Com esse mesmo espírito, o governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva avisou ao governo Donald Trump que o chanceler Mauro Vieira pode viajar a Washington, nos próximos dias, se for recebido por um interlocutor do presidente norte-americano. Às vésperas de o tarifaço de 50% sobre toda a pauta de exportação brasileira aos Estados Unidos entrar em vigor, Vieira foi a Nova York, onde cumpre agendas na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (28/07). Vieira poderá estender a viagem até a capital norte-americana, mas só irá se houver sinal de disposição para negociar as tarifas e se for recebido em encontro de alto nível. A oferta de diálogo foi reiterada a integrantes do governo Trump. O interlocutor natural seria o secretário de Estado, Marco Rubio, cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores. O chanceler mantém contato com autoridades de comércio exterior do governo Trump, e a embaixada tenta abrir novos canais de diálogo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.