29/Jul/2025
Na semana decisiva do tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump, senadores brasileiros têm reuniões com representantes do setor privado em Washington, nos Estados Unidos, para tentar impedir que o Brasil lidere a lista dos países mais afetados pela nova política comercial norte-americana. Depois de chegar a um consenso para taxar em 15% a Europa, o acordo mais importante e esperado de um lado a outro do Atlântico, o republicano disse que não haverá mais um adiamento para a entrada em vigor das novas taxas, previstas para a sexta-feira, dia 1º de agosto. Trump afirmou que não deve adiar o início das tarifas prometidas aos parceiros comerciais, o que inclui o Brasil. O mercado chegou a cogitar a possibilidade de novos adiamentos. Aliás, esse foi o motivo do apelido "TACO Trump", sigla que vem da expressão "Trump Always Chickens Out", ou "Trump Sempre Amarela", que vem sendo utilizada por operadores em Wall Street para verbalizar o vaivém do norte-americano nas tarifas.
É neste contexto que senadores brasileiros estão em Washington para tentar negociar a taxação de 50% sobre o Brasil, a alíquota mais elevada até agora. Trata-se da primeira missão que vai à capital norte-americana após os Estados Unidos ameaçarem o País por meio de carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mencionando razões políticas para a medida, como o que chamou de uma "caça às bruxas" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os senadores brasileiros devem encontrar a capital norte-americana esvaziada por causa do início do recesso parlamentar nos Estados Unidos. Por essa razão, as conversas devem se concentrar mais no setor privado. A agenda oficial da missão não foi totalmente divulgada por conta dos ataques que a comitiva sofreu, embora a comitiva conte com senadores ligados ao bolsonarismo. Está prevista uma reunião na sede da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, com lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council, principal organização de lobby empresarial em prol da relação comercial entre o Brasil e os Estados Unidos.
A comitiva é formada ainda pelos senadores Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura; Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado; Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações; Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT no Senado; Carlos Viana (Podemos-MG); Fernando Farias (MDB-AL); e Esperidião Amin (PP-SC). Nos próximos dias, é esperado que o presidente Trump assine uma ordem executiva com as justificativas legais para tarifar o Brasil em 50%. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos Estados Unidos (USTR) para apurar práticas comerciais ‘injustas’ no Brasil, com o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo. Na prática, nenhum avanço foi alcançado para evitar o tarifaço ao Brasil. Ao contrário, nos bastidores, há o temor de que Trump adote mais sanções contra o Brasil no campo diplomático ou financeiro. Para o Conselho das Américas (AS/COA), Trump vai fazer o que ele quiser.
O Brasil é um alvo fácil porque representa apenas cerca de 1% das importações dos Estados Unidos, e assim o efeito da inflação provavelmente existe, mas é pequeno. As importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company entraram na Justiça americana contra a medida, alegando que custos adicionais de US$ 68 milhões nos próximos 12 meses elevariam entre 20% e 25% o preço que os consumidores pagam pela bebida. As empresas também questionam a constitucionalidade da tarifa. Além disso, senadores norte-americanos enviaram uma carta a Trump, na qual acusam o presidente de "claro abuso de poder" na taxação sobre o Brasil e afirmam que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária".
O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, afirmou que a expectativa para a missão para tratar das tarifas de 50% ao Brasil em Washington, nos Estados Unidos, é positiva, apesar da dificuldade. Ele descarta a hipótese de mudança no prazo para a entrada em vigor da alíquota, na sexta-feira (1º/08). O senador integra a comitiva que está na capital norte-americana para negociar as novas taxas dos Estados Unidos ao Brasil. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, afirmou que o objetivo da missão brasileira em Washington é distensionar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. Não há prerrogativa de negociar as tarifas de 50% ao Brasil. De acordo com o senador, há uma reunião agendada para esta terça-feira (29/07) com ao menos seis parlamentares dos partidos Republicano e Democrata.
No entanto, a comitiva brasileira não deve se encontrar com funcionários do governo Donald Trump. A missão tem um intuito principal que é distensionar essa relação entre o Brasil e os Estados Unidos com a contraparte parlamentar. A partir do momento que conquistar isso, a missão já vai ter o seu primeiro ponto no sentido de proporcionar ambiente e caminho para que quem tem a prerrogativa de negociar, que é o governo federal. Outros parlamentares norte-americanos demonstraram interesse na reunião. A informação sobre o encontro está sendo preservada para que "não haja nenhuma interferência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada. O Secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas, previstas para começar em 1º de agosto, não serão adiadas.
A comitiva de senadores recebeu com cautela o anúncio realizado no domingo (27/07), sobre o acordo entre o governo Donald Trump e a União Europeia. Há uma avaliação de que o acerto não é tão bom para o Brasil e deve deixar o País mais isolado. A divulgação do acordo acendeu um alerta para os parlamentares que têm reuniões com congressistas americanos e empresários com o intuito de "abrir portas" para o diálogo e retomar negociações entre os Estados Unidos e Brasil. O anúncio do acordo entre Estados Unidos e União Europeia é mais uma peça que deve ser levada em consideração pelos senadores na avaliação de contexto que vai servir para as conversas dos próximos dias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.