29/Jul/2025
O fechamento de um acordo comercial da Indonésia com os Estados Unidos evidenciou, para o governo brasileiro, que os Estados Unidos direcionam ao Brasil um tratamento diferenciado, influenciado por questões de ordem política. Essa é a avaliação da equipe que trabalha nas negociações em torno da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros anunciada há três semanas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A Indonésia é hoje um país muito parecido com o Brasil em mercado consumidor, volume de investimentos, sistema de pagamentos e consumo de big techs. Então, a Indonésia que é bem parecida conseguiu fechar o acordo, mas com o Brasil Donald Trump nem mesmo abre diálogo. O país asiático conseguiu fechar um acordo comercial com o governo norte-americano, que prevê a eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos norte-americanos (que inclui a aceitação de certificações norte-americanas e a eliminação de exigências locais para produtos norte-americanos), enquanto os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 19% sobre os produtos indonésios importados.
Trump afirmou que a Indonésia fornecerá ao país seus "preciosos minerais críticos, além de assinar grandes contratos, no valor de dezenas de bilhões de dólares, para a compra de aeronaves Boeing, produtos agrícolas e energia". Trump classificou o pacto como "uma vitória enorme" para fabricantes de automóveis, empresas de tecnologia, trabalhadores, agricultores, pecuaristas e fabricantes norte-americanos. Também há avanços previstos em propriedade intelectual e regras para produtos remanufaturados. O texto inclui ainda promessas na área digital, ambiental e trabalhista, com medidas como liberação da transferência de dados, combate ao desmatamento ilegal e proibição de importação de bens produzidos com trabalho forçado. Similaridades entre Brasil e Indonésia. Além de também ter um sistema semelhante ao Pix (o QRIS ou Indonesian Instant Payments) e ser uma economia muito similar à brasileira, o país também é o mais novo membro dos Brics, alvo de ataques recorrentes de Trump.
O QRIS também sofreu críticas do republicano num primeiro momento, assim como o Pix brasileiro hoje. Durante a realização da reunião de líderes do Brics no Rio, no início deste mês, Trump ameaçou taxas em 10% todos os países que se alinhassem ao bloco. O acordo fechado pela Indonésia com os norte-americanos foi citado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que mencionou também os exemplos do Japão, das Filipinas e do Vietnã. "Estão acontecendo rodadas de negociação. Vai chegar a vez do Brasil. E nós temos que estar preparados para quando nos sentarmos à mesa. Nós temos que expor o nosso ponto de vista com base técnica. Nós queremos um debate técnico, não queremos um debate que fuja da racionalidade", disse o ministro.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) avaliou que o governo brasileiro está se esforçando na busca de alternativas para evitar a elevação das tarifas de exportação para os Estados Unidos. No entanto, os representantes locais vão "falar sozinhos" enquanto as autoridades norte-americanas não aceitarem dialogar. Tem que se olhar como os Estados Unidos colocaram a tarifa. Eles foram unilaterais, sem chamar para conversar, e com fator político. O governo brasileiro está se esforçando nas negociações, mas enquanto os Estados Unidos não abrirem a porta, ficará “falando sozinho". A elevação das tarifas de exportação, se confirmadas, preocupa bastante a cadeia da construção em virtude dos estragos que podem causar para a economia local. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.