29/Jul/2025
O Brasil está fora do Mapa da Fome, segundo anunciou nesta segunda-feira (28/07), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU). O resultado reflete a média trienal 2022/2023/2024. Nesse período, o País está abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente. Esse é o critério usado pelas Nações Unidas para considerar se o Brasil está ou não no mapa da fome. Quando os países alcançam esse patamar, a FAO não registra valores absolutos de pessoas desnutridas. Os dados brasileiros estão abaixo da média na América Latina (taxa de 5,1%) e mundial (8,2% da população em risco de subnutrição). Apesar da melhora, há cerca de 7 milhões de brasileiros em insegurança alimentar severa, ou 3,4% da população. A classificação se refere à incerteza sobre a capacidade de uma família ter renda para três refeições por dia.
Outros 28,5 milhões de brasileiros estão em quadros de insegurança considerada moderada ou grave (13,5%). A insegurança alimentar grave significa que, em algum momento do ano, as pessoas ficaram sem comida, passaram fome e, no caso mais extremo, passaram um dia ou mais sem comer. A insegurança moderada abrange as incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos, o que obriga as famílias a reduzirem a qualidade e/ou quantidade de alimentos que consomem. O anúncio foi feito durante evento oficial da 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, em Adis Abeba, na Etiópia. Em crianças, além dos impactos físicos imediatos (como o risco maior de doenças infecciosas), a desnutrição atrasa o desenvolvimento cognitivo e prejudica a aprendizagem. O Brasil havia saído do Mapa da Fome em 2014, o que se manteve até 2018.
Com os reflexos da crise econômica iniciada em 2015 e, depois, com a pandemia, houve aumento da pobreza e dificuldade de acesso a alimentos. Além dos reflexos da Covid-19, o cenário de guerras, como a da Ucrânia, e de mudanças climáticas causa pressão sobre os preços da comida em várias partes do mundo. Embora a inflação média global dos preços dos alimentos tenha aumentado de 2,3% em dezembro de 2020 para 13,6% no início de 2023, ela subiu ainda mais nos países de baixa renda, atingindo o pico de 30% em maio de 2023. No triênio 2019-2021, o Brasil voltou a figurar na lista de países com problemas nutricionais. O País já havia melhorado na última avaliação, mas não havia conseguido atingir o patamar esperado pela FAO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o resultado, que foi uma promessa de campanha.
Segundo o governo federal, mudança é resultado das políticas de combate à pobreza, geração de renda e de estímulo à agricultura familiar. A inflação dos alimentos, porém, foi uma dor de cabeça para o governo federal neste ano, com prejuízos à popularidade de Lula. Conforme a ONU, estima-se que 8,2% da população global, ou cerca de 673 milhões de pessoas, passaram fome no ano passado, abaixo dos 8,5% em 2023 e 8,7% em 2022. Apesar da melhora global, incluindo na América Latina, aumentos da desnutrição foram registrados em partes da África e da Ásia. O Mapa da Fome é calculado da seguinte forma: a FAO leva em conta a quantidade de alimentos disponíveis no país, considerando produção interna, importação e exportação; o consumo de alimentos pela população, considerando diferenças de capacidade de compra (a renda) e o volume adequado de calorias/dia, definida para um “indivíduo médio”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, nesta segunda-feira (28/07), sobre o fato de o Brasil não figurar mais no Mapa da Fome. Lula disse ser o “homem mais feliz do mundo” com o resultado e que, “com ou sem mandato de presidente”, será um “soldado mundial” no combate à pobreza e à fome. O presidente Lula agradeceu ao diretor-geral da FAO pela divulgação sobre o Brasil. Também disse que no ano que vem, quando os dados refletirão a média trienal 2023/2024/2025, o resultado será “muito melhor”. Foi uma forma indireta de dizer que em 2022, último ano da gestão de Jair Bolsonaro, os números foram ruins. O presidente afirmou que assumiu o compromisso de acabar com a fome novamente no Brasil quando tomou posse na Presidência em 2023. Segundo Lula, ele quer criar uma campanha global de "indignação" e afirmou que a fome é uma "vergonha para os governantes" do mundo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.