28/Jul/2025
Os governos do Brasil e dos Estados Unidos mantiveram “conversas reservadas” nos últimos dias e negociaram caminhos para evitar que o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras entre em vigor em 1º de agosto. Foi a primeira vez que o tom do diálogo saiu do “perde-perde” para o “ganha-ganha”, sem nenhum tipo de implicação no campo jurídico, como definiu o vice-presidente Geraldo Alckmin. Alckmin se reuniu no dia 19 de julho, por videoconferência, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. “Foi uma conversa longa, de aproximadamente 50 minutos. Destaquei que o presidente Lula tem orientado a negociação, sem contaminação política nem ideológica”, disse Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O Brasil ofereceu acenos para ampliar “significativamente” os laços comerciais e de investimentos entre os dois países.
Alckmin afirmou que uma das propostas apresentadas por empresários para dar “materialidade” à expansão dos negócios com os norte-americanos é dobrar a relação bilateral de comércio nos próximos cinco anos. O governo Lula também defende um acordo de bitributação. Atualmente, dos dez produtos mais exportados pelos Estados Unidos para o Brasil, em oito a tarifa é zero. Ao anunciar a sobretaxa de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, Trump vinculou a medida ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, citando também decisões do STF contra empresas norte-americanas de tecnologia. A promessa de sobretaxa que surpreendeu o Palácio do Planalto e o Itamaraty foi feita em 9 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e misturou dados comerciais equivocados com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado sobre possíveis negociações com os Estados Unidos envolvendo minerais críticos brasileiros, Alckmin declarou que a pauta de mineração “é muito longa e pode ser explorada e avançada”, sem, porém, cravar qualquer cenário de acordo.
“O setor minerário é um que nós recebemos em reuniões. Aliás, é um outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos em mais de 20%, o que mostra, de novo, enorme superávit na balança comercial do lado dos Estados Unidos”, afirmou. O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, reiterou o interesse dos Estados Unidos nos minerais críticos e estratégicos do País, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Minerais críticos são considerados essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética. A oferta desses recursos está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. Eles incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.