28/Jul/2025
As equipes técnicas dos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e das Relações Exteriores elaboram mais de três dezenas de medidas dentro de um plano de contingência para dar uma resposta interna ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. O plano será acionado se e quando o tarifaço for, de fato, implementado. O cardápio será levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo não deverá recorrer a todas as 30 medidas estudadas. As opções do plano deverão ser validadas pelo presidente Lula nesta semana.
No cardápio, estão linhas de crédito para socorrer determinados setores e compras governamentais de produtos que não puderem ser redirecionados de imediato para outros mercados. Algumas das respostas do governo brasileiro aos Estados Unidos podem "casar" com esse plano de contingência. Por exemplo, se eventualmente alguma resposta institucional tiver repercussão fiscal, a arrecadação poderá ser destinada para determinados setores ou para permitir o abatimento de certos tributos. Já a ideia de um fundo privado temporário para dar crédito a empresas ou setores afetados pelo tarifaço não está no radar da equipe econômica.
A Petrobras, por exemplo, deve ser a empresa mais afetada pelo tarifaço em números brutos, mas o percentual da companhia das vendas para os Estados Unidos é pequeno, relativamente à venda para outros países. Já outros setores que têm números menores de exportação podem ter dependência maior do mercado norte-americano. Assim, não faz sentido dar um benefício para a Petrobras. Não necessariamente precisará haver liberação de crédito extraordinário, opção vista com reservas pelo Ministério da Fazenda.
A ideia é trabalhar primeiro com alternativas, como linhas de funding que poderiam dar mais fôlego a algumas empresas brasileiras, em critérios palpáveis e que possam ser dosadas, a depender das respostas que forem dadas aos Estados Unidos. A extensão do prazo para início da vigência das tarifas, conforme solicitado por vários empresários brasileiros, não está no horizonte, como já havia sinalizado o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu que o governo brasileiro interceda junto aos Estados Unidos para obter um adiamento de 90 dias na aplicação de tarifas sobre produtos brasileiros e prepara uma comitiva para ir a Washington. A interlocução com as autoridades americanas está muito concentrada na Casa Branca, segundo relatos, e essa discussão acerca do prazo não entrou ainda no radar. Há um desmonte na diplomacia norte-americana e os porta-vozes que atuam não se sentem confortáveis para dar sua palavra de avanço nas negociações porque o respaldo superior não está garantido.
Ainda, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou que o banco está pronto para apoiar as empresas que venham sofrer perdas com as medidas tarifárias do governo dos Estados Unidos. O BNDES tem todas as informações sobre as empresas e as cadeias industriais que poderão estar mais expostas às medidas e o Ministério da Fazenda está coordenando as iniciativas do governo junto com a Casa Civil. Ele também defendeu que o País precisa trabalhar fortemente para manter o diálogo, para avançar nas negociações, e essa sempre foi a disposição do governo brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, buscar novos mercados, diversificar a pauta de exportações onde é possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.