28/Jul/2025
Senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional embarcaram na sexta-feira (25/07) para Washington, onde cumprirão uma série de agendas com seus pares norte-americanos e empresas locais. O objetivo é "abrir portas" para o diálogo e para a retomada das negociações entre Brasil e Estados Unidos na iminência da entrada em vigor do tarifaço de 50% anunciado pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros. Eles não querem, contudo, voltar ao Brasil de "mãos vazias" e sem garantias de que as conversas vão continuar. “É preciso voltar com alguma sinalização. Essa missão será o primeiro tijolo para retomada do diálogo", afirmou um parlamentar. Nos bastidores, os senadores reconhecem que não possuem mandato para negociar ou iniciar as tratativas com o governo norte-americano. Não há intenção de se antecipar em negociações a serem conduzidas pelo governo. Até o momento, a comitiva não possui nenhum encontro com integrantes da administração de Donald Trump, mas segue em tentativa de buscar a interlocução.
O debate está contaminado. Por isso, é preciso averiguar e ter a real dimensão do cenário atual, apontou um senador que participa da delegação. Os senadores admitem, contudo, que não foi fácil dar o pontapé inicial nas conversas. No início da semana passada, cogitou-se cancelar a viagem em virtude da dificuldade em acertar agendas com congressistas norte-americanos, que estão em recesso e a maior parte fora de Washington, concentrada nas bases eleitorais. A missão foi confirmada apenas depois que "nomes relevantes" do Senado concordaram com a conversa. Os senadores terão encontros tanto com democratas quanto republicanos. A comitiva considera que na lista de reuniões há nomes “estratégicos”, inclusive de parlamentares aliados e alinhados ao presidente Donald Trump. Há expectativa ainda de encontros com senadores dos Estados que mais importam produtos brasileiros, como Texas e Califórnia, a fim de sensibilizar os congressistas dos impactos e do encarecimento dos bens, caso a tarifa de 50% seja concretizada.
A lista de congressistas norte-americanos que participarão das reuniões com senadores brasileiros ainda não foi divulgada em detalhes pela Comissão de Relações Exteriores. Nos bastidores, se tem dito que a estratégia de divulgar as agendas com os parlamentares norte-americanos só conforme elas forem acontecendo evita possíveis investidas no sentido de desmobilizar os encontros. A mensagem levada aos congressistas norte-americanos será a de que as tarifas promovem o "perde-perde", ou seja, são prejudiciais tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. Houve um retrocesso, uma deterioração no diálogo bilateral, que é praticamente inexistente hoje, relatou outro integrante do grupo. A agenda dos senadores nos Estados Unidos começa nesta segunda-feira (28/07) e se estende até a quarta-feira (30/07). No roteiro, consta encontro com a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Ribeiro Viotti, no primeiro dia da missão.
Ainda nesta segunda-feira (28/07), senadores se encontrarão com empresários e representantes de entidades do Conselho Brasil-China no âmbito da U.S. Chamber of Commerce (USCC - Câmara de Comércio dos Estados Unidos), maior entidade empresarial do país. A USCC reúne várias associações empresariais e é um dos maiores grupos de lobby dos Estados Unidos. A própria entidade já advertiu o governo norte-americano sobre o risco do tarifaço à economia local. Nesta terça-feira (29/07), estão programados os encontros com os congressistas e autoridades norte-americanas. Há respaldo do Itamaraty e do encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, quanto à missão. A avaliação, nos bastidores, é a de que o apoio do Itamaraty está ligado justamente à expectativa de abertura de mais uma frente de negociação com os Estados Unidos. A comitiva é composta por parlamentares da oposição e da base governista. Integram a missão os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, Tereza Cristina (PP-MS), Jaques Wagner (PT-BA), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC) e Carlos Viana (Podemos-MG).
Entre os senadores que participam da missão, o clima é no sentido de que há uma imersão dos parlamentares no tema há meses, sendo que cada um focou na situação de um determinado setor. A ideia, portanto, seria fazer as articulações a partir dessas especificidades. Além disso, uma das principais diretrizes da missão é promover "diplomacia parlamentar" e diálogos com os senadores dos Estados Unidos, para colher impressões sobre o imbróglio entre os países. Há uma avaliação de que, fora as questões políticas, faltam detalhes específicos sobre o que realmente está impactando as relações entre as nações. A expectativa é alinhar pontos em comum com os parlamentares norte-americanos e identificar os pontos que estão "contaminando" a pauta. A comitiva tem divulgado seu caráter "suprapartidário, institucional e estratégico". Entre os objetivos do grupo está a tentativa de estabelecer uma linha direta entre os Legislativos dos países e explorar caminhos de cooperação bilateral em áreas consideradas estratégicas como bioenergia, infraestrutura, inovação tecnológica e sustentabilidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.