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28/Jul/2025

EUA: o possível arsenal de Trump contra o Brasil

A uma semana da entrada em vigor da tarifa de 50% ao Brasil, a escalada de tensões com os Estados Unidos preocupa sob o risco de o presidente Donald Trump adotar mais sanções contra o País. As medidas que usou para ameaçar a Colômbia no início do ano são um exemplo do arsenal que o republicano tem em mãos, e que poderia respingar no campo financeiro. Mas, analistas e diplomatas avaliam que uma eventual tentativa de retirada do Brasil do chamado sistema "Swift" seria algo "absurdo" e "extremamente drástico", além de difícil de se concretizar na prática. No dia 18 de julho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que os Estados Unidos poderiam impor novas sanções contra o Brasil, inclusive excluindo o País do Swift, em resposta à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e o proibiu de usar redes sociais.

"Eu rezo a Deus para que a elite brasileira pressione Alexandre de Moraes, porque uma das possibilidades que pode chegar a vir é o desligamento do Brasil do sistema Swift", disse Eduardo, em entrevista à CNN Brasil. "O Trump fez isso com o Irã, fez isso com a Rússia. Se fizer com o Brasil, vai causar uma pancada muito maior do que a 'tarifa-Moraes' de 50%." Especialistas ponderam, no entanto, que o governo norte-americano não tem autoridade para decidir pela exclusão do Brasil da rede global de informações financeiras, e precisaria de apoio internacional para tal movimento. Isso seria um completo absurdo. Comparar o Brasil com países como Rússia ou Irã é injustificável, diz o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). O Conselho das Américas (AS/COA) afirmou que não ouviu ninguém nos Estados Unidos, além de Eduardo Bolsonaro, mencionar a questão do Swift. Seria uma medida extremamente drástica que poderia até gerar algum tipo de reação de outros países, mas está claro que Trump, quando pressionado, escalará ao máximo possível.

Fundado na década de 1970, o Swift é sediado no município de La Hulpe, na Bélgica. Por isso, o sistema obedece à legislação da União Europeia (UE), e não às decisões dos Estados Unidos. As próprias sanções mencionadas por Eduardo Bolsonaro demonstram esse quadro. Em março de 2022, por exemplo, foi a União Europeia que decidiu remover sete bancos russos do Swift. Em junho do mesmo ano, o bloco europeu foi o responsável por bloquear o acesso de mais um banco da Rússia ao sistema. Segundo o IIF, não é possível imaginar Trump convencendo o Partido Republicano e o Congresso, de forma mais geral, muito menos os europeus, que são aliados importantes e têm relações próximas com o governo Lula, a apoiar uma medida tão extrema. Essa hipótese está fora da realidade atual. O Swift é um sistema global de mensagens que conecta 11.500 instituições financeiras em mais de 200 países, facilitando transações monetárias entre eles.

A cada três dias, o montante que passa pela plataforma é equiparável ao tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. O manual de ameaças que Trump usou contra a Colômbia, no início do ano, pode ser replicado no caso do Brasil. Além de tarifas, o arsenal usado para pressionar o presidente Gustavo Petro incluía o fim do processamento de vistos para todos os colombianos e sanções pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano (OFAC), que poderiam ter dificultado o acesso da Colômbia ao sistema financeiro internacional. Segundo o UBS BB, o que seria problemático é se os Estados Unidos dissessem que o Brasil não é um lugar seguro para os norte-americanos investirem, criando restrições financeiras. A tensão entre os Estados Unidos e o Brasil pode ser comparada a um jogo de pôquer, com cada lado empurrando suas fichas para o centro da mesa em meio à escalada das tensões nos últimos dias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a outro jogo de cartas para responder a Trump: "Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. Se ele estiver trucando, ele vai tomar um 'seis'", afirmou Lula, na semana passada. Por sua vez, o presidente norte-americano não comentou do Brasil ao longo da semana passada. Somente de forma indireta. Trump afirmou na quarta-feira (23/07), que "alguns países com quem não estamos nos dando bem pagarão tarifa de 50%". O Brasil foi o único país que recebeu essa alíquota tarifária até o momento. Nesta semana, uma comitiva de senadores do Brasil estará nos Estados Unidos reuniões. Uma segunda missão da iniciativa privada também está sendo costurada, além das negociações capitaneadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

O governo monitora a possibilidade de o Brasil ser excluído do Swift pelos Estados Unidos, como fez a União Europeia em 2022 com bancos russos. O cenário econômico e político atual não embasaria uma ação deste tipo, mas, dadas as últimas ações no campo comercial, nada mais pode ser descartado. À princípio, não se esperava que a Lei Magnitsky pudesse ser colocada em ação pelo governo de Donald Trump e, agora, alguns especialistas começam a enxergar a viabilidade de ela entrar em operação. A Lei Magnitsky é um dispositivo norte-americano que permite a punição de autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos ou corrupção. No caso do Brasil, seria usada contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.