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25/Jul/2025

Sabotagem interna contra negociação com os EUA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro enfrenta uma situação singular no cenário internacional, com articulações internas atuando contra o início do diálogo comercial com os Estados Unidos. O Executivo segue tentando estabelecer interlocução com o governo norte-americano, mas que há brasileiros ligados à extrema direita atuando para que as negociações sequer comecem. Haddad afirmou que tanto ele quanto o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, têm atuado tecnicamente para viabilizar uma saída diplomática. Não aconteceu nada que justificasse essa tarifa, a não ser a atuação da extrema direita brasileira. Para o ministro, o episódio contrasta com o que ocorre em outros países, onde não há forças políticas internas se opondo a acordos comerciais. No Japão, firmou-se acordo. Na União Europeia, na própria China, não tem uma força política interna concorrendo contra os interesses do país.

O Brasil enfrenta essa especificidade, de 25% a 30% que aderiram a uma ideologia contra os interesses nacionais. O ministro disse que a imposição da tarifa norte-americana contra importações brasileiras afeta mais de 10 mil empresas e prejudica o próprio mercado dos Estados Unidos. Ele observou que a avaliação do ex-presidente Donald Trump junto ao eleitorado norte-americano tem caído em função da medida. Haddad destacou que as relações comerciais entre os dois países são equilibradas e que desde maio o governo brasileiro tem reiterado os pedidos formais de abertura de negociação. O governo brasileiro está aberto a negociar, mas não há negociação sem interlocução. Segundo Haddad, o plano de contingência elaborado pelo governo para responder às tarifas impostas pelos Estados Unidos está concluído e será submetido à análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ministro, o documento reúne "medidas de todo gosto", incluindo a possibilidade de abertura de linhas de crédito em apoio a empresas afetadas.

"O cardápio encomendado por Lula foi elaborado, inclusive dentro da lei internacional", afirmou Haddad. "Todo o cardápio possível e imaginável vai ser apresentado a Lula para decisão", disse. Haddad afirmou que o presidente sempre foi um negociador e que caberá a ele definir o momento político adequado para anunciar eventuais contramedidas. O ministro voltou a criticar a postura do governo dos Estados Unidos ao defender que o país abandonou uma de suas principais bandeiras históricas. "Os Estados Unidos por 200 anos defenderam a defesa dos contratos", disse. Haddad afirmou também que a posição brasileira tem sido respaldada internacionalmente. "A União Europeia, o mundo livre e organismos internacionais estão apoiando o Brasil", disse. O governo tenta o início oficial de negociações com o governo norte-americano para reverter a taxação de 50% para as exportações brasileiras.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que o jornalista Paulo Figueiredo e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) têm atrapalhado e impedido as negociações com os Estados Unidos em torno do tarifaço anunciado a produtos brasileiros. “O presidente Lula é um craque em negociação”, elogiou o ministro. “Agora precisa desobstruir esse canal (de negociação com os Estados Unidos). Quem está obstruindo esse canal é a família Bolsonaro e os seus apoiadores”, acusou. Ele defendeu que quem perdeu a eleição deve “sair do caminho” e “deixar o governo negociar” com os Estados Unidos. Haddad ainda disse ser necessário “administrar interesses de extremistas”, para não afastar dois países que têm relação histórica.

O titular da Fazenda defendeu o atual momento da economia brasileira, classificado por ele como “o melhor em anos”, com a menor taxa de desemprego da série histórica e a inflação caindo. “Quem está assando a batata quente dos empregos e das empresas que vão ser prejudicadas é uma força política nacional, que neste momento está instalada em Washington contra as negociações”, continuou ele. Haddad também chamou a ação desses brasileiros de “traição contra o País” e disse ser uma “ilusão” imaginar que a população não vai assimilar o que está acontecendo. “Temos no Brasil uma força hoje contra os interesses nacionais buscando bônus políticos”, acusou, pedindo “calma e serenidade”. O ministro da Fazenda disse que as lideranças políticas da direita precisam desobstruir o caminho para o início das negociações com o governo dos Estados Unidos.

"Peço que parem de fazer luta contra o País. Não é contra o Lula. Não é nada patriótico", afirmou. Haddad comentou sobre a mudança de postura de governadores diante da crise comercial. Disse considerar positivo o interesse pela proteção à economia brasileira, mas lembrou que, até pouco tempo atrás, muitos faziam "coro a Donald Trump". "É bom quando um governador manifesta interesse." O ministro afirmou que não há espaço para disputas ideológicas na relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os governadores. "Lula não faz disputa ideológica com governador eleito. Ele é respeitado como todos", disse, referindo-se a críticas que envolvem governadores como o de Minas Gerais, Romeu Zema. O ministro disse que sua principal preocupação neste momento é reabrir a mesa de negociação com os Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro.