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24/Jul/2025

Brasil e EUA: negociações podem ser prorrogadas

O ex-secretário de política agrícola e coordenador do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), Guilherme Bastos, não vê muito espaço, neste momento, para o Brasil chegar a um acordo com os Estados Unidos em relação à imposição de novas tarifas de importação e aposta em uma prorrogação das negociações. O Brasil é mais afetado pelo tarifaço do que os Estados Unidos. O País conta com a pressão do setor privado norte-americano sobre as decisões do governo Trump, mas não há muita chance de ver uma solução até 1º de agosto.

A preocupação recai principalmente sobre produtos perecíveis, como frutas e pescados, mas há também preocupação com a importação de peças para a produção de aviões pela Embraer, o que afeta uma parte relevante das exportações brasileiras de produtos manufaturados. Será um processo doloroso. Alguns embarques já começam a não acontecer, porque os importadores norte-americanos não sabem quanto vão pagar quando o produto chegar lá. É uma nova realidade e já se começa a falar em uma prorrogação. É uma tática de guerra para trazer para a mesa de negociação.

Seria interessante avançar na negociação o quanto antes. Em relação à safra 2025/2026, o Brasil terá uma safra com muitas incertezas. Há esse problema com os Estados Unidos e não se sabe para onde vão as realocações daquilo que ia para o país norte-americano. Também não se sabe como os países vão reagir com relação à demanda. Dado o nível de incertezas, pode haver alguma desaceleração. Os produtores brasileiros sofreram perda de rendimento nas últimas safras e entram na safra nova com menos caixa e um Plano Safra com taxa de juros ainda alta, o que pode afetar os investimentos na lavoura.

Será preciso ver como vai ser a velocidade de tomada desses recursos, porque por enquanto não há indício de redução de área. Em relação às exportações de carnes para os Estados Unidos, é complicado para o Brasil realocar os embarques para outros países devido às características dos produtos que vão para o mercado norte-americano. Pode voltar produto para o mercado interno, mas o Brasil não tem capacidade de consumir esse excedente. Então, pode ter um impacto na inflação de curto prazo, mas desarruma a cadeia, tendo reflexos negativos à frente. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.