ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

23/Jul/2025

Setor privado vai negociar com empresas dos EUA

O setor privado brasileiro está se organizando para ir aos Estados Unidos negociar com empresas daquele país medidas a serem adotadas por conta do tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros anunciado pelo presidente Donald Trump. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a proposta foi apresentada na segunda-feira (21/07), em reunião online, ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Já havia essa intenção, e o vice-presidente apoiou a ideia de o setor privado brasileiro conversar com o setor privado nos Estados Unidos e, havendo disposição, também com o Congresso e o governo norte-americano. Num primeiro momento, devem participar da viagem as empresas associadas ao Ibram, que abriga mineradoras, siderúrgicas, empresas de engenharia e outras. Há, porém, a possibilidade de diferentes setores também fazerem parte da comitiva, como sugerido pelo vice-presidente.

A reunião com Alckmin teve a participação de 132 representantes do setor de mineração, de empresas como Vale, Samarco, Anglo American, AngloGold Ashanti e ArcelorMittal. Alckmin afirmou aos empresários do setor que o governo brasileiro dá preferência ao diálogo com os Estados Unidos para, pelo menos, conseguir mais prazo para a vigência das tarifas (entre 60 e 90 dias), para haver tempo hábil para negociar as várias questões envolvidas com o tema tarifário. Apesar de o cenário em relação à sobretaxa ainda estar bastante incerto, as empresas ficam no aguardo, mas vão tomando providências. Isso porque há um fluxo de produção, logística e contratual que precisa ser respeitado e que tem impactado cada empresa de forma diferente. No caso da mineração, os Estados Unidos respondem por 20% das importações e 3,5% das exportações do setor.

Nos Estados Unidos, o anúncio da taxação de 50% contra o Brasil já foi parar na Justiça. A Johanna Foods, distribuidora de suco de laranja no país, abriu uma ação contra o tarifaço, alegando que terá custos adicionais de US$ 68 milhões nos próximos 12 meses, o que elevaria entre 20% e 25% o preço que os consumidores pagam pela bebida. A ação foi aberta no dia 18 de julho no Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Juntas, as companhias respondem por quase 75% de todo o suco de laranja vendido no país, atendendo às principais redes varejistas e de atacado como Walmart, Sam’s Club, Aldi, Wegman’s, Safeway e Albertsons. "A imposição pelo presidente Trump de uma tarifa de 50% (ou mais) sobre o suco de laranja brasileiro causará um dano financeiro significativo e direto às companhias requerentes e aos consumidores norte-americanos", justificam as empresas na ação. Os US$ 68 milhões em custos previstos pela nova taxação ultrapassariam qualquer lucro anual em 30 anos de operação.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, já recebeu mais de 120 líderes empresariais no âmbito do comitê criado pelo governo federal para discutir estratégias contra as tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Ao todo, foram realizadas 12 reuniões em quatro dias de rodadas oficiais com a presença de executivos de grandes companhias, presidentes de entidades setoriais e dirigentes de federações da indústria. O objetivo dos encontros é colher dados técnicos, alinhar posições e preparar uma reação coordenada do Brasil às medidas protecionistas do governo de Donald Trump. Setores estratégicos foram representados nas reuniões, com destaque para agronegócio, siderurgia, automotivo, mineração, tecnologia e têxtil. Entre as empresas recebidas pelo vice-presidente estão Embraer, Suzano, JBS, Weg, Citrosuco, Visa, Apple, Google, Meta, John Deere, Coca-Cola, Bridgestone e General Motors, além de companhias de médio porte com atuação relevante no comércio internacional.

No campo institucional, participaram lideranças da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A mobilização ocorre em paralelo às articulações diplomáticas conduzidas pelo Executivo. A expectativa do governo é consolidar um diagnóstico preciso sobre os impactos das tarifas e construir, com base no diálogo com o setor produtivo, uma tentativa de reverter a ofensiva norte-americana e, ao mesmo tempo, construir uma estratégia de resposta que pode incluir retaliações e um plano de socorro econômico para os setores afetados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.