23/Jul/2025
A operação da Polícia Federal (PF) com busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro e a suspensão de visto de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos Estados Unidos deixaram empresários brasileiros em alerta com o temor de represália do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O líder norte-americano vem citando reiteradas vezes o caso judicial de Bolsonaro como uma das justificativas para impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados. Empresários de setores potencialmente afetados pelo tarifaço anteveem piora na negociação diplomática bilateral e o risco de aumento de tarifas retaliatórias pelos Estados Unidos. A avaliação de líderes é de que haverá escalada na tensão entre os países. O receio é de piora nas animosidades com questões políticas prevalecendo ante comerciais e deterioração da retomada das negociações entre os países, que ainda não engataram.
A relação comercial deve ser mantida entre os Executivos. Alguns empresários consideram "exageradas" as decisões recentes do STF em relação ao ex-presidente, mas também defendem que as questões econômicas sejam apartadas das políticas. Os políticos querem politizar o tema a seu favor. No entanto, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Do lado da indústria nacional, um representante do setor observa que os fatos recentes com os Estados Unidos reagindo às questões jurídicas nacionais acirram as tensões e protelam a busca por um caminho racional na relação bilateral. Isso que está acontecendo virou uma questão pessoal e está transcendendo o quadro político e diplomático das discussões. É um terreno perigoso. O setor exportador destaca que as empresas buscam uma "solução econômica comercial" a despeito das guerras de narrativas entre oposição e governo.
A BMJ Consultoria afirmou que o governo brasileiro tende a focar as questões comerciais na negociação com os Estados Unidos, incluindo a abertura de investigação no âmbito da seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos. Em uma situação normal, um país não se envolve em decisões judiciais de outro, pois é princípio basilar do Direito Internacional. Considerando a tensão política e o risco Trump, eventualmente ele pode incluir o ministro Alexandre de Moraes, a procuradoria e a Polícia Federal na lista de sanções da Lei Magnitsky (dispositivo norte-americano que permite a punição de autoridades estrangeiras envolvidas em violações de direitos humanos ou corrupção). Não há vinculação entre a Lei Magnitsky e normas comerciais. Na negociação, o governo brasileiro vai focar na questão comercial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.