23/Jul/2025

Se a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos for logo implementada, alguns setores produtivos serão mais prejudicados que outros, e o agronegócio terá sofrimento importante. Alguns produtos, como frutas e peixes (tilápias) já estão reduzindo seus embarques porque perderam competitividade imediatamente e os importadores americanos não querem mais recebê-los. Outros, como café, carnes, açúcar, derivados de madeira (celulose) logo em seguida deverão ter dificuldades para conseguir continuar naquele mercado.

A saída será buscar novos compradores internacionais, mas isso não se consegue do dia para a noite, e pode sobrar muito produto nas prateleiras dos supermercados. Em todos os casos, o grande perdedor é o produtor rural e agroindustrial. Claro que o País terá redução de saldo comercial, haverá reflexo nos empregos e no PIB nacional. Mas com um eventual aumento da oferta interna, por causa da queda nas exportações, fatalmente haverá uma diminuição nos preços e, como as margens são estreitas, pode acontecer de os custos de produção ficarem maiores, destruindo a renda rural.

Tal fato teria duas consequências, uma no curto e outra no longo prazo. No curto prazo, cai a inflação, o consumidor aumenta suas compras e o governo fatura o resultado econômico. No longo prazo, o produtor sem renda não consegue plantar a nova safra, a produção cai e os preços sobem, trazendo de volta a inflação, piorada com os empregos perdidos no setor produtivo. Ruim para todo mundo, em especial para o governo. Isso pode ter influência no processo eleitoral de 2026, mas para que lado tal influência será verificada dependerá dos estoques existentes antes das eleições. Mas esta já é outra especulação. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.