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22/Jul/2025

É possível chegar a agosto sem acordo com os EUA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou nesta segunda-feira (21/07) que está buscando medidas para fazer frente ao impacto da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos, patamar previsto para entrar em vigor no prazo de 10 dias. Ele enfatizou que é possível chegar em agosto sem resposta dos Estados Unidos. O Executivo tem estudado diferentes cenários e não vai sair da mesa de negociação. Ao anunciar tarifas adicionais de 50% sobre qualquer produto brasileiro, o presidente norte-americano, Donald Trump, utilizou motivos políticos para justificar a imposição, especialmente o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Judiciário brasileiro. Para Haddad, parte da extrema direita no Brasil está "se colocando contra os interesses nacionais", um argumento reforçado pelo governo.

Tem uma família específica no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais. O governo mandou outra carta para os Estados Unidos sobre negociação e, relatou o ministro, o Brasil vai continuar insistindo porque não há razão para as tarifas. Nesta semana, serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alternativas para fazer frente ao impacto da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos. A ajuda aos setores prejudicados pode estar dentro dos planos de contingência. Ao admitir que o governo já considera a possibilidade de persistência do tarifaço produtivo sobre o Brasil, o ministro da Fazenda repetiu que o governo está buscando o diálogo prioritariamente. Fernando Haddad comentou que as políticas de Trump têm muitas idas e vindas, o que força o Brasil a buscar preparo para diferentes cenários.

O responsável dos Estados Unidos no Brasil ainda não procurou o governo em relação às respostas sobre tarifas. Fernando Haddad frisou que o governo brasileiro não vai adotar qualquer retaliação contra empresas ou pessoas físicas dos Estados Unidos como resposta à tarifa de 50% sobre os produtos do Brasil e às ações de caráter político contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro. Empresas e cidadãos norte-americanos serão tratados com dignidade, “não pagaremos na mesma moeda", declarou o ministro. No fim da semana passada, Haddad já havia informado que o governo não planeja adotar medidas mais rígidas de controle sobre dividendos como retaliação aos Estados Unidos, após movimentações dentro do governo sobre eventual adoção. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou na semana passada a ameaça de "taxar os países" do Brics em 10%, ao alegar que o bloco de emergentes queria derrubar a dominância do dólar.

O grupo tem buscado intensificar as liquidações em moeda local. Dentro dos Brics, o Brasil está longe de ser problema econômico para os Estados Unidos, disse Fernando Haddad. O ministro repetiu o argumento econômico ao mencionar que tarifa de 50% sobre o Brasil é "muito difícil de compreender", tendo em vista o superávit dos Estados Unidos ao longo dos anos na relação comercial com o Brasil. Fernando Haddad fez elogios públicos aos grupos empresariais engajados na interlocução para evitar a prevalência da tarifa de 50%. Apesar de a prioridade ser reverter as tarifas proibitivas contra o Brasil, há medidas em estudo para ajudar setores eventualmente prejudicados com a efetivação da taxa de 50% sobre as exportações ao mercado norte-americano. O governo brasileiro está totalmente atento aos efeitos setoriais das tarifas e não deixará os trabalhadores brasileiros afetados por tarifas no desalento.

Para ele, eventuais retaliações contra os Estados Unidos podem ser "inócuas" e ferir ainda mais a economia brasileira. Haddad disse ainda que o Brasil não pode ser tratado como Rússia, que está em guerra, ao comentar sobre a especulação de exclusão dos sistemas de pagamento, medida extrema que poderia ser adotada pelos Estados Unidos. Não há informações oficiais sobre esse movimento. Fernando Haddad voltou a defender hoje o Pix, meio de pagamento criado pelo Banco Central. Os Estados Unidos iniciaram uma investigação contra o Brasil que inclui, entre outros pontos, o sistema de pagamento instantâneo brasileiro. "Reclamar do Pix é o mesmo que defender telefone fixo no lugar do celular", disse Haddad. Para ele, o desconforto com o Pix é surpreendente, e tratar o meio de pagamento como uma possível ameaça aos Estados Unidos seria irracional.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado na Justiça em razão de sua atuação nos Estados Unidos, onde desde março pede sanções contra o Brasil. Ele busca anistia aos envolvidos nos ataques golpistas julgados no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente Jair Bolsonaro é réu em uma ação penal de 2022. "A família Bolsonaro estava reivindicando sanções porque nosso sistema judiciário funciona", afirmou Haddad. "O Brasil se dá bem com todos os países, não podemos aceitar provocação sem base factual", acrescentou o ministro. Uma eventual exclusão do Brasil dos sistemas internacionais de pagamentos, que foi especulada na semana passada, não teria qualquer relação com o Pix, na visão de Haddad. Essa medida extrema aconteceu com a Rússia, que está em guerra. Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.