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21/Jul/2025

Dólar fecha em alta com tensões entre Brasil e EUA

O dólar fechou a sexta-feira (18/07) em alta no Brasil após o ex-presidente Jair Bolsonaro ser alvo de operação da Polícia Federal, com as cotações refletindo o receio de investidores de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa anunciar retaliações ao Brasil, ampliando os ataques comerciais ao País. A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,72%, a R$ 5,58, no maior nível de encerramento desde 4 de junho, quando foi cotada em R$ 5,64. Na semana passada, o dólar acumulou alta de 0,71%. A notícia da operação da Polícia Federal contra Bolsonaro concentrou as atenções do mercado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes impôs a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de usar as redes sociais e o recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda-feira a sexta-feira e em tempo integral nos fins de semana e feriados.

Além disso, proibiu o ex-presidente de manter contato com embaixadas de outros países e de se comunicar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que tem sido o principal defensor, nos Estados Unidos, das medidas de Trump contra o Brasil, como a imposição de tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A decisão de Moraes, já referendada nesta sexta pela maioria da primeira turma do STF, surgiu um dia após Trump voltar a vincular a adoção da tarifa ao julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O ministro afirmou que as condutas de Bolsonaro e Eduardo "caracterizam claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos", e mencionou os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania. No mercado, o receio de que Trump possa retaliar o Brasil, ampliando seus ataques comerciais, deu força ao dólar ante o Real e às taxas dos DIs.

Segundo a Correparti Corretora, a ação contra Bolsonaro faz o dólar, porque o mercado aguarda alguma reação de Donald Trump. Estão todos apreensivos com a possibilidade de Trump aumentar as tarifas brasileiras. O dólar marcou a cotação mínima de R$ 5,52 (-0,43%), enquanto os investidores ainda digeriam a enxurrada de notícias e a moeda tentava acompanhar o recuo firme da divisa norte-americana no exterior. Mas, depois disso, o dólar foi ganhando força gradativamente e renovando máximas atrás de máximas, até o pico de R$ 5,59 (+0,93%). O movimento no Brasil ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana sustentar perdas. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,05%, a 98,459. Segundo o banco Inter, o Real não foi capaz de surfar essa tendência, tendo um dos piores desempenhos entre seus pares. Esse descolamento se deu por conta dos acontecimentos políticos locais.

Com isso, aumenta-se a incerteza sobre a relação Brasil-Estados Unidos, com potencial de acirramento na questão tarifária e possível retaliação à operação, o que elevou a percepção de risco do mercado local. Além do medo da retaliação de Trump, os ativos no Brasil eram pressionados pela avaliação de que a direita está se enfraquecendo politicamente, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, até agora o nome preferido na Faria Lima para a disputa presidencial de 2026, mas que está com dificuldades para conciliar em seu discurso a defesa de Bolsonaro e as tarifas de Trump. Sem qualquer referência direta ao Brasil, Donald Trump voltou a ameaçar impor tarifas aos membros do Brics e disse que o grupo acabaria “muito rapidamente”. O Banco Central do Brasil vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.