21/Jul/2025
Apesar de a carta enviada pela diplomacia brasileira ao governo norte-americano ter pedido o retorno de negociações "técnicas" sobre o tarifaço, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a insistir na tese política para aplicar uma taxa de 50% aos produtos do Brasil. Segundo ele, a medida é uma "manifestação de desaprovação" em relação à ação penal do golpe de Estado, que tem como réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores próximos, incluindo militares. "Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária", escreveu o norte-americano em uma carta publicada em rede social e endereçada a Bolsonaro. "É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude seu rumo, pare de atacar oponentes políticos e coloque fim ao ridículo regime de censura", disse o presidente norte-americano.
Trump afirmou ainda que está "muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, provenientes do atual governo", em nova crítica a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que atingem redes sociais que têm sede nos Estados Unidos. O presidente americano disse não se surpreender que Bolsonaro "lidere nas pesquisas" de intenção de voto, e afirmou que o ex-presidente sofre "tratamento terrível pelas mãos de um sistema injusto que se voltou contra ele". Reportagem publicada na semana passada pelo jornal The Washington Post mostra que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, "está trabalhando em estreita colaboração com a Casa Branca para impor sanções" ao ministro Alexandre de Moraes, que julga o caso da tentativa de golpe de Estado no STF.
De acordo com o jornal norte-americano, após o tarifaço, Eduardo pressiona Trump "a ir mais longe" e cita um vídeo gravado pelo deputado em frente à Casa Branca e publicado nas redes sociais, no dia 16 de julho, em que ele disse que saía de uma "rodada de reuniões com autoridades norte-americanas". "As coisas estão acontecendo neste exato momento", disse Eduardo, referindo-se às sanções contra Moraes. "Decisões estão sendo tomadas." O jornal relata que, "ao lado dele no vídeo, estava Paulo Figueiredo, um influenciador brasileiro de direita que foi acusado de participar do suposto plano de golpe". Figueiredo disse que sanções a 'aliados e apoiadores' de Moraes também foram discutidas. As tarifas de Trump, disse ele, foram o início de uma jornada que pode ser sombria para o Brasil, diz o jornal norte-americano na reportagem.
Para a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), a diplomacia clássica não funciona nos tempos atuais, porque o presidente norte-americano, Donald Trump, tem "um jeito próprio de agir". Nada do se conhecia de maneira convencional, da diplomacia mais clássica, convencional, funciona nesses tempos. A Apex disse que, ainda assim, confia no diálogo e na diplomacia, e frisou que muitos contatos estão sendo feitos de parte a parte, para encontrar caminhos, incluindo a ação da classe empresarial norte-americana, que estaria em sobressalto perante o governo dos Estados Unidos. Os Estados Unidos deram mais prazo para vários parceiros negociarem, tendo, inclusive, recuado em algumas tarifas como no caso da China. É muito difícil implementar uma tarifa de 50% no custo das exportações de um país como o Brasil, de um país como os Estados Unidos, em menos de 30 dias. Isso causa um dano muito grande. Cria muita incerteza. E a incerteza é o pior amigo dos negócios. Ressalta-se que ainda não saiu a ordem executiva dos Estados Unidos, que formaliza o aumento das tarifas aos produtos brasileiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.