21/Jul/2025
O consenso dos economistas que participaram de duas reuniões com diretores do Banco Central na sexta-feira (18/07) foi de que a inflação brasileira deve desacelerar mais rápido do que se esperava. A avaliação dos analistas foi de que há sinais mais claros de esfriamento no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, reforçam esse cenário, embora não sejam o fator principal. Assim, o Banco Central deve ter espaço para reduzir a taxa Selic, hoje em 15% ao ano. A maioria dos analistas falava em cortes de juros no primeiro trimestre de 2026, embora a possibilidade de uma redução já em dezembro deste ano tenha aparecido nos dois encontros.
Em relação à atividade, o consenso dos economistas é de que já é possível observar sinais mais claros que apontam para uma desaceleração. As tarifas também foram mencionadas como um dos fatores que devem contribuir para esse arrefecimento da atividade e, por consequência, com uma inflação mais baixa. A visão geral é de um efeito modesto, mas desinflacionário. Em primeiro lugar, as tarifas devem levar a um crescimento menor do PIB no segundo semestre. Também pode contribuir para reduzir a inflação, especialmente se parte da produção que seria vendida aos Estados Unidos for direcionada para o mercado local. Sobre a inflação, foram mencionados outros vetores de melhora, como dados qualitativos mais favoráveis nas últimas leituras mensais do IPCA e a forte queda dos preços no atacado, que deve ser transmitida para o varejo.
Mesmo com o cenário mais favorável na margem, os analistas continuam enxergando riscos. No front doméstico, o principal deles é uma nova rodada de estímulos fiscais e parafiscais, de olho nas eleições de 2026. Houve uma discussão sobre os impactos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66, já aprovada pela Câmara, por causa da incerteza sobre quanto dos precatórios ficarão fora do limite do arcabouço em 2027. No front externo, a maior parte do risco se concentra na postura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que vem sendo alvo de ataques de Trump. Se o Fed não tiver espaço para cortar juros, isso pode se refletir em um dólar mais forte e em menos espaço para uma queda da taxa básica brasileira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.