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18/Jul/2025

Exportadores pedem adiamento de 90 dias para tarifas

Exportadores insistem com o governo sobre uma negociação com os Estados Unidos para a dilatação de prazos do início da entrada em vigor da sobretarifa de 50% para o Brasil. Ainda que a postergação não seja vista atualmente como o plano A do Palácio do Planalto, de acordo com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, a pressão é grande por um adiamento para tentar salvar negócios já fechados. Pelo cronograma informado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a nova alíquota entrará em vigor em 1º de agosto, o que ainda depende da publicação de um Ato Executivo da Presidência dos Estados Unidos. O pedido foi reforçado em videoconferência de Alckmin nesta quinta-feira (17/07) com representantes de setores potencialmente afetados pela tarifa, de aeronaves, carne bovina, celulose, sucroenergético a suco de laranja.

Participaram do encontro representantes da Stefanini Group, Embraer, Weg, Suzano, Citrosuco, Aeris Energy, Prumo Logística, JBS e Raízen. Enquanto industriais temem ver seus produtos voltarem para trás caso aportem nos Estados Unidos após a data, o agronegócio está preocupado especialmente com as cargas perecíveis, sobretudo pescados, suco de laranja e carne bovina. Na avaliação do governo, obter um prazo de 90 dias para a incidência da nova taxa não sana o problema criado por Trump porque novos acordos comerciais privados tendem a ficar em suspenso até que haja uma definição mais fechada entre os dois países. Esta foi, no entanto, a tática usada pela China, que travou um duelo de tarifas com os Estados Unidos que chegaram a superar os 100%. Ninguém vai admitir de imediato que irá pedir mais prazo. A ideia é esgotar as negociações até 31 de julho, mas tem plano B na mesa.

Sem perspectivas para novos negócios, empresários querem ao menos tentar que o comércio já feito até aqui não se transforme em estoque indesejado ou mercadoria perdida por prazo de validade. Por isso, voltaram a solicitar aumento de prazos ao governo por vários canais, em novas reuniões por videoconferência e presencial e e-mails, por exemplo. Para eles, em três meses é possível entregar, ao menos, encomendas já feitas pelos Estados Unidos desde o início deste ano sem maiores riscos. A prioridade dos exportadores é maior prazo para entrada em vigor da tarifa, mas, caso não seja possível, um dos pleitos na mesa é que a aplicação da alíquota de 50% considere a data de embarques dos produtos após 1º de agosto. A data base seria a emitida na Bill of Landing, documento para o transporte marítimo de cargas. A demanda dos exportadores é para que seja aplicada a alíquota de 50% somente para BLs emitidas após 1º de agosto.

A medida visa ao cumprimento de contratos já acordados com importadores e a garantia de envio de cargas embarcadas em portos ou já a caminho dos Estados Unidos. Uma das cadeias mais afetadas pela dificuldade de desembaraço de cargas enviadas é o setor de perecíveis. Importadores norte-americanos relataram aos exportadores brasileiros que podem rejeitar cargas caso cheguem com imposto de 50%. A indústria de carnes é uma das que relataram eventuais impactos ao governo. Estima-se que cerca de 30 mil toneladas de mercadoria com destino aos Estados Unidos estão paradas em portos ou em alto-mar após o anúncio do governo norte-americano de imposição de tarifa adicional de 50% sobre produtos importados brasileiros. A carga é equivalente entre US$ 150 milhões e US$ 160 milhões. Além dos prazos, exportadores e indústria voltaram a pedir cautela na reação do governo aos Estados Unidos nesta quinta-feira.

Em comum, os apelos manifestaram a urgência da retomada das negociações e que a negociação seja contínua. Geraldo Alckmin, teve nesta quinta-feira (17/07) uma nova reunião com empresários, tendo como pauta a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre importação de produtos brasileiros. Participaram do encontro o presidente e CEO Global da Stefanini Group, Marco Stefanini; o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto; o diretor superintendente da Weg, Alberto Kuba; o presidente da Suzano, João Alberto Fernandez de Abreu; o CEO da Citrosuco, Marcelo Abud; o CEO da Aeris Energy, Alexandre Negrão; o CEO da Prumo Logística, Rogério Sekeff Zampronha; CEO Global do Grupo JBS, Gilberto Tomazoni; vice-presidente executivo da Raízen, Claudio Oliveira; e diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Weg, Daniel Godinho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.