18/Jul/2025
A Moody's avaliou que as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao Brasil aumentariam as incertezas comerciais entre os dois países bem como reduziria a competitividade dos produtos domésticos que chegam ao mercado norte-americano. Um aumento repentino e acentuado nas tarifas dos Estados Unidos criaria volatilidade de curto prazo no mercado de commodities, as quais representam dois terços das exportações brasileiras. No entanto, muitos produtores brasileiros de commodities possuem custos competitivos, operam em grande escala e contam com ampla distribuição geográfica. Neste sentido, a classificadora vê riscos elevados em alguns setores, como o de sucos de frutas e a indústria do café. A demanda robusta e crescente da Europa e da Ásia permitiria aos produtores brasileiros redirecionarem parte do volume para essas regiões, mas apenas gradualmente.
Uma tarifa de 50% dos Estados Unidos reduziria a receita da Sucocítrico Cutrale e da Citrosuco (subsidiária da Votorantim) cuja produção conjunta representa mais de 50% da geração global de suco de laranja. Os produtores de café do Brasil enviam cerca de 20% de suas exportações para os Estados Unidos; uma nova tarifa de 50% imporia dificuldades a esses produtores, o que enfraqueceria a demanda no mercado dos Estados Unidos e, portanto, reduziria os preços internacionais de referência do café. O Brasil exporta principalmente café não torrado (verde), que os exportadores poderiam redirecionar para outros mercados na Europa (Alemanha, Itália e Bélgica) e Ásia (Japão, Coreia e China). A Moody's listou 15 empresas brasileiras pelo volume de exportação aos Estados Unidos, que impôs tarifa de 50% aos produtos domésticos. A liderança é da Embraer, com uma classificação de "alta exposição" ao mercado norte-americano.
Uma tarifa de 50% aumentaria os custos da Embraer entre aproximadamente US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. Porém, cláusulas contratuais permitiriam à fabricante de aeronaves repassar as tarifas de importação aos compradores de seus jatos E1. A Embraer teria de assumir custos adicionais para seus jatos executivos Praetor, que são produzidos no Brasil, mas montados nos Estados Unidos, ainda assim poderia repassar o aumento de preço aos clientes com base em negociações individuais dentro desse pequeno mercado. Adicionalmente, os acordos de serviço e suporte da Embraer contêm cláusulas de repasse que aliviariam os efeitos de tarifas adicionais. Os jatos Phenom são totalmente produzidos nos Estados Unidos e no Canadá, e seus jatos E2 e operações de defesa e segurança não possuem exposição ao mercado dos Estados Unidos. Empresas como a Gerdau, a JBS e a Marfrig podem se beneficiar das tarifas dos Estados Unidos ao Brasil.
Isso porque o trio tem operações em solo norte-americano, o que as possibilita driblarem a medida protecionista do governo de Donald Trump. A siderúrgica Gerdau se beneficiaria mais diretamente da tarifa mais alta devido à sua considerável produção nos Estados Unidos. A companhia é classificada como de moderada exposição ao mercado norte-americano. A situação é semelhante à de JBS e Marfrig. Os Estados Unidos responderam por 6% das exportações de carne bovina do Brasil, em média, de 2022 a 2024, muito menos do que os 67% da China. A Minerva seria a mais exposta, entre as grandes produtoras de carne bovina, a uma tarifa de 50% dos Estados Unidos, gerando cerca de 5% de sua receita líquida com exportações destinadas aos Estados Unidos. Por outro lado, a JBS tem grandes operações nos Estados Unidos por meio da JBS USA, e a Marfrig, por meio da National Beef; portanto, um declínio nas importações aumentaria os preços da carne bovina nos Estados Unidos e beneficiaria essas empresas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.