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17/Jul/2025

3ª reunião comitê sobre tarifas recebe “gigantes”

A terceira reunião do comitê criado pelo governo federal para discutir ações de proteção ao Brasil frente às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos contou com 18 representantes de diferentes segmentos, do setor produtivo a centrais sindicais. Entre os presentes na rodada desta quarta-feira (16/07), estiveram os presidentes da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Representantes do cooperativismo e da agroindústria também estavam presentes. Participaram ainda da reunião membros de várias centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). A reunião, que ocorreu no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é coordenada pelo vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin.

Pelo governo, estavam presentes, além de Alckmin, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; o secretário-Executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), Olavo Noleto; o secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom), João Brant; embaixadores do Ministério de Relações Exteriores e secretários do MDIC. Na reunião do comitê criado para discutir ações contra as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, o governo federal recebeu representantes de 18 das maiores companhias que atuam no País. Acompanhados de líderes da Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham), participaram da rodada de discussões empresas como a Coca-Cola, General Motors e Cargill. Como primeira missão, o grupo terá o objetivo de ouvir os setores empresariais para detectar as implicações do anúncio de tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, a partir do dia 1º de agosto.

Até aqui, a principal proposta do empresariado é de buscar pelo menos mais 90 dias de discussão e evitar retaliações o quanto for possível. Representantes do setor agropecuário pediram cautela ao Executivo nas negociações e que as tratativas sejam esgotadas até 31 de julho. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (16/07), que o governo brasileiro quer negociação urgente, mas não vê problema se for preciso prorrogar o início da vigência das tarifas pelos Estados Unidos. Segundo ele, esse é o "sentimento geral", incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os empresários brasileiros (dos setores industrial, do agronegócio, de serviços e do comércio) e as empresas norte-americanas. O segundo maior superávit que os Estados Unidos têm é com o Brasil. Se cai o comércio, eles vão perder um dos poucos países com que têm superávit. Então, não tem lógica, por isso o empenho para resolver.

Geraldo Alckmin disse que há pouca preocupação do governo federal sobre as investigações anunciadas pelos Estados Unidos sobre aspectos da economia brasileira, incluindo o PIX. Não é a primeira vez que é feito isso. O foco do Executivo, segundo Alckmin, segue sendo reverter as tarifas de 50% para exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Sobre as questões alvo da investigação, o vice-presidente elencou respostas. Sobre o PIX, disse se tratar de um meio de pagamento modelo e de sucesso. Quanto ao desmatamento, também alvo dos Estados Unidos, Alckmin afirmou que o País tem reduzido o problema com a meta de zerá-lo. O tempo de processos para registrar patentes no Brasil, outra reclamação do governo de Donald Trump, tem sido reduzido. Registrar patente demorava sete anos. Caiu para quatro e deve cair para dois até o final do ano que vem.

A Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham Brasil) afirmou que o sentimento unânime do setor empresarial no Brasil é buscar uma solução negociada entre Brasil e Estados Unidos para impedir o aumento das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A sobretaxa teria impactos muito severos para a economia brasileira e norte-americana. Há interesses muito importantes de ambos os lados e onde há espaço para se buscar uma convergência e se resolver economicamente, comercialmente essa situação. A Amcham é uma entidade que promove o comércio e os investimentos entre Brasil e Estados Unidos. Segundo os cálculos da Câmara de Comércio, hoje, quase 10 mil empresas brasileiras exportam para os Estados Unidos, gerando 3,2 milhões de empregos no País. Os representantes sindicais avaliam que não há opções claras para evitar demissões caso as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sejam efetivadas.

O recuo dos norte-americanos é o único desfecho seguro. Com as tarifas, restaria pouco a ser feito para manter postos de trabalho. Os sindicalistas ainda não discutem estratégias para o cenário das tarifas se consolidarem. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) disse esperar que haja uma solução rápida para o impasse. Caso a tarifa se efetive, haverá um forte e danoso impacto na economia brasileira. A estratégia diante da iminência da crise segue sendo negociar à exaustão e não permitir que essa tarifa seja efetivada. Tem produtos que já estão a caminho dos Estados Unidos e chegam depois do dia 1º de agosto. O bom senso manda buscar um acordo, então essa é a estratégia para preservar os empregos e as empresas. A terceira reunião do comitê criado pelo governo federal para discutir ações de proteção ao Brasil frente às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos foi pautada por apelos de priorização à diplomacia e urgência de negociação entre os países.

A reunião contou com 18 representantes de diferentes segmentos, do setor produtivo, passando pelo cooperativismo a centrais sindicais. Entre as indústrias, participaram fabricantes do setor automotivo, químico, do açúcar, do cacau e de softwares, além da própria Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Além de apresentar os impactos do tarifaço norte-americano sobre os setores, as indústrias sugeriram ao governo aspectos que consideravam essenciais para a busca de convergência para a retomada das negociações com os Estados Unidos. Em comum, os representantes do empresariado reforçaram o pedido para que os países retomem imediatamente as negociações, já que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros deve entrar em vigor em 1º de agosto. A tônica foi negociação, entendimento e senso de urgência.

O vice-presidente tem perfil vocacionado para a arte da negociação e entendimento, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha. Outro aspecto enfatizado pelos participantes foi o de manutenção contínua das negociações. As palavras de ordem foram equilíbrio, diplomacia, não partidarismo, urgência e necessidade, de fato, de não sair da mesa de negociação. Esse foi consenso entre todos e respaldado pelo vice-presidente Alckmin e pelo ministro Márcio Macêdo, disse a superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tania Zanella. De acordo com fontes, um eventual pedido de prorrogação do prazo foi "sutilmente" comentado no encontro, mas sem ser considerada como uma opção imediata no momento. As centrais sindicais também reforçaram ao governo a necessidade de preservação da soberania nacional, bem como relataram preocupações com a manutenção dos empregos nas cadeias produtivas.

Representantes do setor produtivo que participaram da reunião:

Abrão Neto, presidente da Câmara Americana de Comércio para Brasil (Amcham Brasil);

Alexandre Luque, CEO da General Manager Brasil da J&J MedTech Brasil;

Ligia Dutra, vice-presidente Adjunta de Relações Governamentais da Cargill;

Mariana Orsini, diretora de Relações Institucionais da Brazil Country Leader da Dow;

Gustavo Bonora Biscassi, diretor sênior Relações Governamentais, Comunicação e Sustentabilidade América Latina Cone Sul da Coca-Cola;

Monica Melo, diretora Jurídica, Compliance e Assuntos Corporativos da Sylvamo;

Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos, Comunicações & Cidadania, América Latina da John Deere;

Andrea Zámolyi Park, diretora de Assuntos Governamentais e Corporativos da Caterpillar;

Fabrizio Sardelli Panzini, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Amcham Brasil;

Nayana Rizzo Sampaio, head Public Policy Brazil da Amazon Web Services Brasil (AWS);

Pedro Palatnik, head de Relações Governamentais e Institucionais da Corteva Agriscience;

Bruno Boldrin Bezerra, líder de Relações Governamentais da J&J MedTech Brasil;

Daniel Caramori, líder de Relações Governamentais da General Motors.

Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI);

André Passos, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim);

Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea);

Anna Paula Losi, Presidente-Executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC);

Sérgio Nobre, Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT);

Marcelo Carvalho, Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT);

Moacyr Tesch, Presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST);

Flavio Werneck, Vice-Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB);

Sergio Luiz Leite, Vice-Presidente da Força Sindical;

Tânia Zanella, Superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB);

Renato Cunha, Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE);

José Hélio Fernandes, Vice-Presidente para Assuntos Políticos da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logísticas (NTC&Logística);

Tatiana Farah, Superintendente de Relações Internacionais em Exercício (CNI);

Marcelo Almeida, Diretor de Relações Governamentais da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES);

Mário Sérgio Carraro Telles, Diretor Adjunto de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação (CNI);

Ernesto Pereira, Diretor Parlamentar da CSB;

Flauzino Antunes Neto, Diretor Nacional da CTB;

Armando José Giacomet, Sócio Fundador da BrasPine.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.