17/Jul/2025
A celeridade na negociação do governo brasileiro com os Estados quanto à tarifa de 50% aplicada sobre produtos agropecuários brasileiros foi um apelo unânime do setor agropecuário ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Entidades do setor exportador e da agroindústria reuniram-se na terça-feira (15/07) com Alckmin no âmbito do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, instalado pelo governo brasileiro. Representantes do setor relataram que as falas convergiram quanto à urgência da negociação e a cautela a ser adotada. Há necessidade de negociação urgente e imediata. A ideia é não pedir prorrogação do prazo e esgotar a negociação até 31 de julho, disse a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
O setor buscará interlocução com pares norte-americanos para apresentar números e impactos. Outro ponto enfatizado pelo setor agropecuário ao governo foi o da priorização às negociações. A prioridade é negociar, reverter tarifas pelo diálogo e pela negociação estratégica. O principal é a cautela, afirmou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Diálogo, negociação e pragmatismo, enfatizou a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR). Os setores também expuseram ao governo a preocupação com perecíveis, sobretudo com produtos que já estão em alto-mar com destino aos Estados Unidos. A indústria exportadora de carne bovina estima que cerca de 30 mil toneladas de mercadorias com destino aos Estados Unidos estão em portos ou em alto-mar.
A negociação precisa continuar. A sugestão de imediato é, se possível, uma prorrogação do início dessa taxação porque existem contratos em andamento e não há tempo hábil de desfazer esses contratos até dia 1º de agosto, afirmou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho destacou a "iniciativa rápida" do governo em abrir diálogo com o setor produtivo. A posição foi endossada em coro por representantes de outras entidades. Parcela dos empresários pediu ao governo que negocie com os Estados Unidos para que alimentos não entrem na taxação. Os líderes empresariais também reforçaram ao governo a avaliação de manter cautela na aplicação da lei da reciprocidade. É preciso esgotar as negociações.
O ministro da Indústria, Geraldo Alckmin; e os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB); divulgaram nesta quarta-feira (16/07), um vídeo conjunto em que defendem a atuação conjunta entre governo e Congresso na reversão das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo Alcolumbre e Motta, a discussão deve ser liderada pelo Poder Executivo e caberá ao Congresso ficar “na retaguarda” do governo. Segundo Motta, o Brasil não pode aceitar “decisões externas que venham a interferir” na soberania do País. Alcolumbre afirmou haver uma “agressão ao Brasil” e elogiou a atuação de Alckmin: “O presidente Lula acertou com a sua equipe de empoderar para que o senhor possa conduzir todas essas tratativas sem em nenhum momento abrir mão da soberania”, disse o senador a Alckmin.
Alckmin reafirmou que os Estados Unidos têm balança superavitária com o Brasil e disse que as tarifas são “inadequadas e injustas”. A peça foi gravada depois de uma reunião na Residência Oficial do Senado na manhã desta quarta (16/07). Além dos três, participaram a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; os líderes governistas Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (PT-AP); além dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Rogério Carvalho (PT-SE), Weverton Rocha (PDT-MA), Fernando Farias (MDB-AL) e Nelsinho Trad (PSD-MS). Trad é autor de um requerimento aprovado na terça-feira (15/07), no Senado para enviar a Washington (EUA) uma comitiva de senadores com o objetivo de discutir as tarifas. A viagem está prevista para a última semana de julho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.