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16/Jul/2025

Dólar recua com percepção de negociação tarifária

A perspectiva de uma redução das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, com eventual negociação em torno das tarifas de 50% que o presidente Donald Trump prometeu impor a produtos brasileiros a partir de 1° de agosto, trouxe alívio ao mercado de câmbio local ao longo desta terça-feira (15/07). Na contramão da alta predominante da moeda norte-americana no exterior, na esteira de dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o dólar encerrou a sessão em baixa de 0,47%, cotado a R$ 5,55. Operadores ressaltam que após uma sequência de quatro pregões seguidos de valorização do dólar, com ganhos acumulados de 2,54% no período, havia espaço para ajustes técnicos e realização de lucros. Em julho, a moeda norte-americana ainda apresenta alta de 2,28% em relação ao Real. O dólar chegou a tocar R$ 5,60, mas trocou de sinal em seguida. Parte do alívio do Real se deu na esteira da declaração de Trump de que o ex-presidente Jair Bolsonaro não é seu amigo, mas sim um conhecido e um "homem muito bom".

A avaliação foi a de que o republicano baixou o tom e deixou a porta aberta para conversas com o governo brasileiro. Para o Travelex Bank, a recuperação do Real está relacionada a sinais reiterados de que o governo brasileiro não vai partir para o ataque em relação aos Estados Unidos nem promover uma retaliação imediata, optando pelo caminho da negociação. As declarações do vice-presidente Geraldo Alckmin após encontro com setores atingidos vão nesse sentido. E as empresas norte-americanas também podem fazer lobby contra as tarifas. Alckmin lidera grupo interministerial responsável por interlocução com o setor produtivo. O medo do mercado era que o governo Lula iria para o embate e retaliar. Alckmin afirmou que o prazo estabelecido pelos Estados Unidos para imposição de tarifas é "exíguo". A proposta do empresariado seria de ter pelo menos 90 dias para discussão do tema. Alckmin disse que o presidente Lula pediu que os ministros ouvissem o setor produtivo no processo de negociação sobre as tarifas de Trump.

O vice-presidente ponderou, porém, que a ideia do governo é trabalhar para resolver a questão até 31 de julho. Segundo a Treviso Corretora, a fala de Trump pode ter ajudado a aliviar um pouco o ambiente e tirar força do dólar. E o governo parece que também não está disposto a esticar a corda. Pode se formar um clima melhor para as discussões sobre as tarifas. O mercado de câmbio pode ter um estresse mais forte se o governo Lula "errar na mão" na resposta a Donald Trump. A reunião de conciliação entre governo e Congresso proposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre os decretos relacionados ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi esvaziada. Além da ausência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em férias, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enviaram representantes. Sem acordo entre as partes, o desenlace da questão ficará à cargo de Moraes.

A Warren Investimentos lembra que declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que não havia plano B para o decreto do IOF "consolida a leitura" de que o governo Lula dobrou a aposta na estratégia de confronto político e retórico com o Congresso. O governo segue firme no discurso dos 'Pobres vs Ricos', mesmo com os custos políticos em ascensão. O risco de contaminação das demais pautas econômicas é real e crescente. No exterior, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, trabalhou em alta ao longo do dia e subia mais de 0,50% no fim da tarde, ao redor dos 98,600 pontos, após máxima aos 98,699 pontos. O índice de preços ao consumidor (CPI) do Estados Unidos subiu 0,3% em junho e 2,7% na comparação anual, superando as estimativas de analistas (0,2% e 2,6%, respectivamente). O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% em junho e 2,9% na comparação anual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.