16/Jul/2025
Nesta terça-feira (15/07), foi realizada a reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais com representantes do agronegócio brasileiro, para tratar da sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos ao Brasil. A reunião foi conduzida pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e contou com as presenças dos ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, Rui Costa; dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; e da Pesca e Aquicultura, André de Paula. Também estavam presentes embaixadores do Itamaraty e representantes do Ministério da Fazenda.
Os participantes do agronegócio foram: Vinicius Vanzella de Souza, CEO Gelprime - grupo VIVA; Paulo Hladchuk, CEO da LDC Juices; Pavel Cardoso, Presidente da Associação Brasileira de Industria do Café; Roberto Perosa, Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec); Guilherme Coelho, Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Eduardo Lobo, Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca); Renato Costa, Presidente da Friboi (JBS); Silas Brasileiro, Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC); Marcio Cândido, Presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé); Edison Ticle, Vice-Presidente da Minerva; Bruno Ferla, Vice-Presidente da BRF/Marfrig; Celírio Inácio, Diretor Executivo da Associação Brasileira de Indústria do Café; Ibiapaba Neto, Presidente da Citrus BR; Paulo Pratinha, Presidente do Conselho Administrativo da Sucos BR, Marcos Matos, Diretor Geral da Cecafé; Liliam Catunda, Diretora de Relações Institucionais da Abipesca; Thomaz Nunnenkamp, Diretor da Fiergs; Gustavo Martins, Diretor da Melbras; Heuler Iuri Martins, Relações institucionais e governamentais grupo (VIVA).
Geraldo Alckmin afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para que os ministros ouvissem o setor produtivo no processo de negociação em torno da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos ao Brasil. A declaração foi dada na abertura da reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais. O vice-presidente frisou que o governo está ouvindo a indústria e o agronegócio porque são os setores que têm uma relação comercial mais forte com o mercado norte-americano e com empresas norte-americanas. Em relação à carta de Donald Trump, tem questões que não são do Executivo, são questões do Poder Judiciário. E a tripartição do poder, a separação de poderes é pedra basilar do Estado de Direito, o governo não tem como interferir. Mas, em relação à questão tarifária, o entendimento é de que ela é equivocada, pois os Estados Unidos têm superávit com o Brasil. Não tem o menor sentido uma tarifa totalmente despropositada. O trabalho é para reverter isso.
Um dos auxílios que o agro pode dar é em relação aos congêneres norte-americanos. É preciso envolver os empresários norte-americanos, mostrando o prejuízo que isso pode ter para a economia dos Estados Unidos, já que é um ‘perde-perde’. Alckmin repetiu que há mais de 4 mil empresas norte-americanas “trabalhando e ganhando dinheiro” no Brasil e frisou que no 1º semestre de 2025, as exportações dos Estados Unidos para o Brasil cresceram quase três vezes mais que as exportações do Brasil para o país norte-americano. Geraldo Alckmin afirmou que representantes do agronegócio pediram extensão do prazo para início da aplicação da sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. No entanto, ele negou que o governo Lula esteja trabalhando para essa dilatação do prazo. Houve uma colocação de que o prazo é exíguo, foi pedido um prazo maior, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas é procurar resolver até o dia 31 de julho.
O governo vai trabalhar para tentar resolver e avançar nesse trabalho nos próximos dias. Alckmin classificou a reunião com representantes do agro como "bastante proveitosa". Ainda segundo o vice-presidente, todos os representantes se comprometeram a dialogar com seus congêneres, contatando também os empresários norte-americanos e mostrando os prejuízos para a população daquele país. O vice-presidente afirmou que os próximos dias muito importantes para tentar reverter um quadro que não tem a menor lógica do ponto de vista econômico nem comercial, disse Alckmin após agenda com representantes do agronegócio brasileiro. A sobretaxa é prejudicial ao Brasil e é prejudicial aos Estados Unidos, completou. Ele ainda frisou que nesta quarta-feira (16/07), o governo vai continuar o diálogo no Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, instalado nesta semana, com empresários norte-americanos e brasileiros.
Haverá reuniões com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) e outros setores que pediram para participar das conversas, como a indústria química, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ele ainda citou empresas de software, inclusive de origem norte-americana, e centrais sindicais. Alckmin ainda destacou que já recebeu anteriormente o encarregado de negócios da embaixada norte-americana no Brasil, Gabriel Escobar e que tem mantido um contato importante com o secretário Howard Lutnick e com o embaixador Jamieson Greer, da USTR (Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos). Sobre a questão dos produtos perecíveis e de bens já embarcados, Alckmin se limitou a dizer que as duas questões são “urgentes”. O comitê interministerial foi oficializado no decreto que regula a Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25). Nesta terça-feira (15/07), também ocorreu reunião com executivos de diferentes setores industriais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.