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16/Jul/2025

Reunião do Comitê com empresários sobre tarifas

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, iniciou a primeira reunião do comitê com o setor produtivo afirmando que o governo trabalha para reverter as tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos contra o Brasil. Alckmin classificou a decisão do governo americano como absolutamente inadequada. "Os Estados Unidos têm déficit na balança comercial com boa parte do mundo, mas têm superávit na balança comercial com o Brasil. Tanto no setor de serviços quanto de bens", apontou o vice-presidente. Alckmin destacou ainda que o superávit dos norte-americanos tem longa data. O vice-presidente disse que o governo brasileiro dialogou ainda com representantes do setor industrial norte-americano que podem ser afetados pela elevação das tarifas. As tarifas prejudicam a economia brasileira, mas também encarecem os produtos norte-americanos. Alckmin reforçou ainda que o governo brasileiro está empenhado para resolver a questão das tarifas e disse que a intenção é ouvir as sugestões de todos os setores envolvidos.

O vice-presidente afirmou que o governo ainda busca flexibilizar o prazo determinado pelo governo dos Estados Unidos para taxar as exportações brasileiras em 50% a partir de 1º de agosto. O prazo é exíguo, mas o governo vai trabalhar para dar o máximo nesse prazo, afirmou após reunião com representantes do setor produtivo. A proposta do empresariado é de pelo menos mais 90 dias de discussão, o que foi reforçado por representantes do setor produtivo, como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes. Conforme o vice-presidente, os executivos brasileiros farão parte da tentativa de pressão por maior prazo. O período, afirmou, poderá inclusive servir para acordos comerciais positivos. "É uma relação importante, que repercute também nos Estados Unidos, podendo encarecer a economia norte-americana. E também é uma oportunidade para mais acordos comerciais", disse Alckmin. Durante a reunião do comitê criado pelo governo para lidar com a crise, o empresariado se comprometeu a conversar com seus parceiros norte-americanos, o que serviria para chamar a atenção para os inevitáveis prejuízos mútuos.

Segundo o vice-presidente, o governo brasileiro sempre manteve diálogo com os Estados Unidos. "Enviamos uma carta há dois meses sobre tratativa de acordo e não obtivemos resposta", afirmou. Agora, diante da deflagração da ofensiva contra o Brasil, Alckmin disse que uma nova carta será enviada reforçando que o governo brasileiro aguarda respostas. Reiterando um argumento que tem sido utilizado por empresários e pelo governo, apontou que os Estados Unidos têm superávit na balança comercial. Na semana passada, a Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, avaliou que o impacto do aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil de 10% para 50% tende a ser pouco significativo no crescimento de 2025, embora alguns setores da indústria de transformação possam ser especialmente prejudicados. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, afirmou que o setor produtivo mantém confiança absoluta na capacidade do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) de conduzir as negociações com os Estados Unidos para reverter o aumento tarifário.

Ele disse ainda ter confiança de que a relação histórica do Brasil com os Estados Unidos não será rompida, pois são mais de 200 anos de boas relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, que são os maiores investidores diretos estrangeiros no Brasil. Isso não vai ser romper dessa maneira. Pelo contrário, a expectativa é chegar a um entendimento. O presidente da Fiesp reiterou que todos os governadores têm se reunido com setores produtivos para lidar com o tema. Não é só o Brasil que perde com o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos, mas os próprios norte-americanos. Em reunião de emergência realizada na segunda-feira (14/07), os presidentes das federações das indústrias de todo o País alinharam a defesa de um adiamento mínimo de 90 dias na aplicação das novas tarifas dos Estados Unidos. A reunião, realizada em formato virtual, discutiu o anúncio do governo norte-americano, feito na semana passada, de elevação tarifária de até 50% sobre produtos brasileiros. Esse prazo é considerado essencial para que a indústria brasileira possa analisar de forma mais aprofundada os efeitos da medida, além de buscar soluções diplomáticas para evitar perdas mais amplas.

A estimativa preliminar aponta para uma possível perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, em 1º de agosto, além de forte impacto negativo no PIB, ainda não estimado. As entidades também defenderam que o processo de negociação seja conduzido com prudência, equilíbrio e diálogo técnico, preservando os canais institucionais entre os dois países e reforçando a necessidade de cooperação para manter relações comerciais estáveis e previsíveis. A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, também participou do encontro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a maior preocupação do grupo sobre as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros se concentra nos impactos a longo prazo. Essa tarifa de 50% praticamente inviabiliza uma grande quantidade de negócios industriais feitos entre empresas e pessoas.

As declarações foram feitas durante audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado para debater os efeitos das tarifas anunciadas na semana passada. O Brasil deve manter diálogo para reduzir as taxas impostas pelos Estados Unidos. O melhor desfecho para todos seria a resolução do impasse tarifário com os Estados Unidos antes de agosto, quando as novas alíquotas entrariam em vigor. Contudo, o prazo para negociação, iniciado em junho, poderá ser prorrogado. Há um esforço conjunto entre os setores produtivos e o governo para encontrar uma solução para este cenário. Essa imprevisibilidade não ajuda nada. O Brasil não pretende ser reativo às tarifas impostas pelos Estados Unidos e não haverá precipitação em medidas de retaliação. O que os empresários enterram na reunião é que o Brasil não se precipitará de forma nenhuma em medidas de retaliações para que elas não sejam interpretadas simplesmente por uma disputa. A busca é pelo entendimento. Há, por parte do governo e dos setores produtivos, uma convergência uníssona na busca por uma solução.

O que se tem é um verdadeiro ‘perde-perde’. Não faz sentido, de forma nenhuma, nem econômica, nem social, nem geopolítica, nem política. É preciso trabalhar para que seja possível contornar isso. Não faz sentido, do ponto de vista econômico, que o Brasil saia do piso tarifário, de 10%, para o teto de 50%. Os representantes da indústria que se reuniram com o governo federal nesta terça-feira (15/07), foram unânimes em pedir cautela sobre reações contra a taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos. Há consenso de que o ideal é seguir buscando diplomacia ainda que a ofensiva passe a valer a partir de 1º de agosto. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) afirma que a prioridade é tentar ampliar o prazo da taxação em 90 dias, para que haja tempo de negociar. Apesar de observar clara unidade, cautela e disposição do governo e empresários, há obstáculos preocupantes.

Ainda não está definido qual o responsável dos Estados Unidos para discutir acordos. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) diz que outro consenso que ampara a cautela mesmo após o prazo é de que não há, para a indústria, possibilidade de vender os produtos que atualmente são vendidos para os norte-americanos. Se o Brasil perder a exportação para os Estados Unidos, não tem como substituir com exportações para outros mercados. Diante das considerações e pedido de cautela, a reunião não chegou a abordar possibilidades de retaliação. Não foi falado em momento algum, nem pela parte privada e nem pelo governo. Nada em relação à retaliação ou à Lei da Reciprocidade. O objetivo parece unânime ali. De negociar à exaustão. O CEO da Tupy, Rafael Lucchesi, também avaliou haver unidade entre os representantes do setor produtivo e governo de foco em diplomacia.

O representante da gigante do ramo da metalurgia também é cauteloso ao avaliar a possibilidade de retaliações, ainda que concorde que seja a última alternativa. "Estamos vivendo o hoje. Lá na frente, podemos precisar rever o cenário", afirma. O Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais foi oficializado no decreto que regula a Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25). A reunião desta terça-feira (15/07) contou com a presença de 18 executivos de diferentes setores. Um novo encontro está marcado para esta quarta-feira (16/07). Além do vice-presidente e empresários, estavam presentes o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a ministra do Planejamento, Simone Tebet; a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro de Portos e Aeroportos (MPor), Silvio Costa Filho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.