16/Jul/2025
Segundo dados divulgados nesta terça-feira (15/07) pela Organização Mundial do Comércio (OMC), o volume do comércio mundial de mercadorias registrou forte alta no primeiro trimestre de 2025, com crescimento de 3,6% na comparação com os três meses anteriores e de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi impulsionado por uma alta nas importações na América do Norte em antecipação ao aumento de tarifas nos Estados Unidos. As tarifas citadas pela OMC são aquelas anunciadas em 2 de abril, já no segundo trimestre, mas que foram amplamente antecipadas, o que levou importadores a anteciparem compras para evitar o pagamento de taxas mais altas mais adiante.
O crescimento no trimestre superou as projeções do próprio relatório de abril da OMC. O resultado ficou acima tanto do cenário-base, de 2,7% para todo o ano, quanto da previsão ajustada de -0,2%, que já considerava as medidas tarifárias anunciadas até 16 de abril. Apesar do forte início do ano, a OMC prevê desaceleração ao longo de 2025. Estoques já abastecidos e tarifas mais altas devem pesar sobre a demanda por importações. Até meados de junho, a projeção para o crescimento do comércio mundial em 2025 era de apenas 0,1%. Regionalmente, a América do Norte liderou o avanço das importações no trimestre, com alta de 13,4% em relação aos três meses anteriores, seguida pela África (+5,1%) e América do Sul, América Central e Caribe (+3,6%).
No lado das exportações, o maior crescimento foi do Oriente Médio (+6,3%), seguido pela Ásia (+5,6%). Em valor, o comércio mundial de mercadorias cresceu 4% na comparação anual no primeiro trimestre, refletindo forte crescimento em volume e queda nos preços. O destaque foi para produtos de tecnologia, como "equipamentos de escritório e telecomunicações", que avançaram 16% no ano. No início do segundo trimestre, dados mensais apontam uma desaceleração. As importações dos Estados Unidos subiram 25% no primeiro trimestre, mas apenas 1% nos dois primeiros meses do 2º trimestre.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou que "mais do que nunca, todos os olhos estão voltados para nós", ao abrir uma reunião do Comitê de Negociações Comerciais (TNC). O mundo está olhando para a OMC para responder a questões que impactam vidas, meios de subsistência e as perspectivas futuras das empresas que impulsionam o comércio. Ela destacou a necessidade de uma mudança genuína de mentalidade nas negociações e de vontade política para entregar resultados. Apesar das crescentes medidas comerciais adotadas globalmente, 74% das trocas de bens ainda ocorrem sob tarifas de nação mais favorecida.
Mas, no atual clima de incerteza recorde nas políticas comerciais, proteger a estabilidade e previsibilidade que a OMC oferece nunca foi tão urgente. Segundo a diretora-geral, é precisamente por causa dos desafios atuais que os apelos por reforma, reforma profunda, reposicionamento e entrega real estão ficando mais altos. Ela reconheceu, no entanto, que "estamos longe de onde líderes e partes interessadas esperam que estejamos" e que a OMC ainda "não está aderindo ao apelo por resultados". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.