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15/Jul/2025

Comitê ouvirá setores atingidos por tarifas dos EUA

O comitê interministerial montado pelo governo federal para analisar a tarifa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, começará a se reunir com representantes dos setores econômicos a partir desta terça-feira (15/07). É a partir das impressões e estudos apresentados por esses setores da economia que o governo pretende embasar sua resposta ao governo norte-americano. O Palácio do Planalto nega trabalhar, no momento, com um pedido de extensão do prazo para a negociação com os Estados Unidos e com a ideia de redução da tarifa sobre produtos brasileiros de 50% para 30%. O foco do governo, no momento, é na atuação do comitê interministerial. O governo acredita não ser o momento de falar em mais prazo e em uma redução da tarifa sem nem ao menos ouvir o impacto sobre os diferentes setores econômicos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin será o responsável por liderar os trabalhos do grupo. A presença de Lula em algumas conversas, porém, não está descartada. O decreto de regulamentação da lei da reciprocidade econômica está em elaboração na Casa Civil e será publicado no Diário Oficial da União o mais breve possível. O setor produtivo afetado pela tarifa adicional de 50% dos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros quer iniciar a discussão com o governo federal quanto à negociação de redução de tarifas junto ao governo norte-americano e eventualmente de abertura de cotas para determinados produtos. A posição do setor sobre a resposta do Brasil ao tarifaço dos Estados Unidos, assim como os impactos na geração de divisas e em empregos serão apresentados nesta terça-feira (15/07) ao governo federal em reunião no âmbito do grupo de trabalho para discutir a reação aos Estados Unidos.

A intenção dos empresários é apresentar os números ao governo tanto de exportação ao mercado norte-americano, tarifas adotadas, quanto de impactos em receita e até mesmo na geração de empregos se a tarifa de 50% entrar em vigor em 1º de agosto. Segundo interlocutor do setor privado, a ideia é traçar estratégias e medidas viáveis junto com o governo, até mesmo limites de respostas. Os números da importância dos produtos brasileiros para economia norte-americana também serão apresentados a fim de municiar os técnicos envolvidos nas negociações comerciais, bem como da necessidade brasileira de importação de insumos dos Estados Unidos. Representante de um dos setores afetados reiterou que as cadeias produtivas buscam uma "solução econômica comercial" a despeito de questões políticas envolvidas no tema. Será reforçado o pedido por pragmatismo, uma saída negociada e atenção aos setores estratégicos. A interlocução está boa e funcionando. O setor privado confia nos negociadores brasileiros.

As discussões estão avançando entre governo e setor produtivo para que se chegue a um bom entendimento. Um dos pleitos a serem levados por parte das entidades ao governo é a negociação junto aos Estados Unidos para redução das tarifas aplicadas a fim de evitar a inviabilidade do comércio de alguns segmentos. A eventual adoção de cotas no comércio bilateral para proteger as exportações de alguns setores estratégicos para o consumo norte-americano e minimizar impactos para as exportações brasileiras também devem entrar na discussão. Produtos como café, suco de laranja e carne bovina estão entre os que poderiam ser alcançados com a medida. A reunião do governo com empresários e entidades dos setores mais afetados pela taxação dos Estados Unidos deve ocorrer na tarde desta terça-feira (15/07). O Ministério da Agricultura deve participar do encontro. Entre os setores afetados convidados para o encontro estão exportadores de carne bovina, café, suco de laranja, pescados e siderurgia.

Além do trabalho diplomático e de um grupo formado pelos empresários mais atingidos pelo tarifaço, o governo brasileiro decidiu acionar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDES), mais conhecido como "Conselhão", para encontrar uma saída para o problema. A previsão é que o grupo se reúna no próximo dia 5 de agosto, dias após a entrada em vigor da nova tarifa (1º de agosto). A determinação do Palácio do Planalto é a de que nenhuma frente para se encontrar uma solução para o caso seja deixada de lado. Dessa forma, o governo continuará com suas ações diplomáticas e criará um grupo de trabalho com empresários mais fortemente atingidos pela medida norte-americana, em grande parte, o agronegócio doméstico. A entrada do Conselhão nesse episódio, porém, deve demorar um pouco mais do que o desejado para começar a atuar porque alguns de seus postos-chaves estariam em aberto por causa do fim de mandatos.

Por isso é que apenas depois do prazo determinado por Trump para que as novas alíquotas passem a valer é que se projeta a viabilidade de um novo encontro, que deve ocorrer em Brasília. O CDES foi criado pelo chefe do Executivo durante seu primeiro mandato, em 2003, com o intuito de aproximar o governo do setor produtivo. No início do atual mandato de Lula, o Conselhão foi reativado, com o acréscimo de um olhar para práticas sustentáveis. Desde que foi retomado pelo governo Lula, em maio de 2023, o Conselhão conta com 12 nomes ligados ao agronegócio, dentre seus 246 membros. Grandes empresários dos setores de carnes e suco de laranja, duramente atingidos pelo tarifaço de Trump, também integram o colegiado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.