15/Jul/2025
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu a aplicação da lei da reciprocidade econômica em reação à tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos, se for necessário. A manifestação se alinha ao que vem pregando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Brasil tem se mostrado firme pela soberania nacional. Os motivos que levaram Trump a decretar o aumento de tarifas é de infelicidade, o que feriu a soberania brasileira. Vamos responder à altura, inclusive, se necessário, usaremos a lei da reciprocidade, aprovada em unanimidade pelo Congresso Nacional", disse Fávaro. Apesar da defesa da reciprocidade, Fávaro afirmou crer que antes de a lei precisar ser acionada se encontre uma saída diplomática. Ele defendeu ainda que o Brasil mostre "equiparação de forças" e soberania. "Se você me taxa em 50%, te taxo em 50%. Os 50% já inviabilizam a exportação entre os dois países. Taxar os Estados Unidos em 50% não resolve o problema, mas mostra força da reciprocidade e respeito com o mesmo tratamento", apontou.
"Com os 50% (recíprocos) a venda deles para o Brasil também vai ficar inviabilizada. Eles vão parar de vender superprocessados, turboélices e aí o comércio vai ficar inviabilizado. É um perde-perde sem precedentes", argumentou. Fávaro classificou o tarifaço de Trump como "medida irracional". "Chega beirar à irresponsabilidade, o que faz mal para uma diplomacia amistosa e eficiente de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos. É irracional porque 50% de tarifa não tem margem comercial para isso. Se isso de fato vigorar, acaba com a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos nesse período", observou o ministro. Na avaliação de Fávaro, a adoção das tarifas não será ruim apenas para o Brasil, já que os Estados Unidos dependem de alguns produtos agropecuários brasileiros. "Do que os Estados Unidos consomem, 70% do suco de laranja vem do Brasil, o que fará o povo norte-americano pagar 50% mais em suco de laranja.
Os Estados Unidos são o maior consumidor de café do mundo e o Brasil um importante fornecedor, também ficando 50% mais caro", justificou o ministro. Sobre a carne bovina, Fávaro afirmou que a exportação brasileira para produção norte-americana de hambúrgueres e almôndegas ficará inviabilizada com tarifa adicional de 50%. "Íamos beirar 400 mil toneladas até o fim deste ano e bater o recorde absoluto", pontuou. Ele criticou ainda a atuação de Trump. "Ele ganhou a eleição para ser presidente dos Estados Unidos e não delegado do mundo. Temos que ter altivez na posição, exigir respeito e buscar diplomacia", concluiu. Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, diz que a maior tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos exige "sangue de barata". Neste momento tem de prevalecer o bom senso e o interesse econômico, com sangue frio, sem a cortina de fumaça do trumpismo e do bolsonarismo.
O secretário tem ouvido de entidades e representantes do setor produtivo preocupação com os impactos comerciais da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A preocupação do agronegócio com o tarifaço de Trump é "justa", considerados os efeitos nas exportações e na importação de insumos. "Mas a relação entre os dois países é secular e por isso não pode ser colocada à prova com movimento intempestivo", afirma. O setor produtivo segue debruçado sobre calculadoras para ter uma ideia de quanto o Brasil deixará de exportar aos Estados Unidos se a tarifa de 50% anunciada para produtos brasileiros entrar em vigor em 1º de agosto. Carne bovina, suco de laranja, café e pescados são os setores mais expostos à sobretaxa norte-americana. Alguns segmentos afirmam que os embarques ficarão inviáveis. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.