ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Jul/2025

Ministério da Fazenda revisa projeções da economia

O Ministério da Fazenda aumentou mais uma vez sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano, de 2,4% para 2,5%. A estimativa para 2026 saiu de 2,5% para 2,4%. As informações constam da grade de parâmetros publicada pela Secretaria de Política Econômica (SPE) divulgada na sexta-feira (11/07). As projeções estão acima das medianas do relatório Focus, que indicam alta de 2,23% para o PIB em 2025 e de 1,86% em 2026, conforme documento divulgado no dia 7 de julho. A revisão do PIB deste ano está relacionada principalmente à resiliência do mercado de trabalho no segundo trimestre, levando à expectativa de desempenho melhor que o inicialmente esperado para o consumo das famílias nos próximos meses, apesar da política monetária restritiva. O crescimento esperado para a agropecuária também foi revisado para cima, repercutindo principalmente a alta nas estimativas do IBGE para produção de milho, café, algodão e arroz em 2025.

Apesar desse aumento marginal na previsão de crescimento, permanece a perspectiva de desaceleração econômica nos trimestres à frente. Por setor produtivo, o maior ritmo de crescimento projetado para os serviços e para a atividade agropecuária no ano foi parcialmente compensado pela menor expectativa de expansão da indústria. Para o PIB de serviços, a projeção de crescimento em 2025 subiu de 2,0% para 2,1%. Para a agropecuária, a expectativa de maior avanço na safra colaborou para a revisão do crescimento esperado de 6,3% para 7,8%. Em contrapartida, dados referentes à produção na indústria de transformação têm vindo abaixo do esperado, motivando a queda no ritmo de crescimento projetado para o setor industrial de 2,2% para 2,0%. A leve revisão para baixo no crescimento esperado para 2026 repercutiu a previsão de maior expansão do PIB em 2025, além da elevação na expectativa mediana de taxa de juros básica terminal até o fim deste ano.

Nos anos seguintes, o crescimento esperado é de cerca de 2,6%, próximo ao potencial. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 foi revisada para 4,9%, acima do teto da meta, de 4,5%. A projeção era de 5,0% no boletim anterior, de maio, e de 4,8% no documento "2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025", publicado em fevereiro. A mudança reflete variações menores que as esperadas para o índice nos meses de maio e junho, além de revisões no cenário à frente, condicionadas principalmente pela menor cotação projetada para o Real frente ao dólar. Além da expectativa de Real mais valorizado até o final do ano, também contribuíram para reduzir a inflação projetada para o IPCA em 2025 a deflação mais acentuada dos preços no atacado agropecuário e industrial e a maior concorrência com produtos importados, repercutindo o avanço da deflação ao produtor na China.

No cenário considerado, projeta-se redução da inflação de junho a agosto, reversão dessa trajetória em setembro por conta da saída dos efeitos do bônus de Itaipu, e nova redução em seguida, até dezembro. Para 2026, a projeção de IPCA se manteve praticamente constante, em 3,6%, dentro do intervalo da meta de inflação. De 2027 em diante, espera-se convergência da inflação ao centro da meta. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2025, a projeção passou de 4,9% para 4,7% enquanto a para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi 5,6% para 4,6%. Para 2026, o INPC saiu 3,5% para 3,3% e o IGP-DI, de 4,9% para 5,0%. A Secretaria de Política Econômica avaliou que o impacto do aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil de 10% para 50% tende a ser pouco significativo no crescimento de 2025, embora alguns setores da indústria de transformação possam ser especialmente prejudicados.

As exportações correspondem a cerca de 18% do PIB brasileiro, sendo que do total exportado, aproximadamente 12% vão para os Estados Unidos. No entanto, produtos básicos respondem por maior parcela dos itens exportados ao país, com destaque para óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja e carne bovina. Esses produtos básicos tendem a ser redirecionados com mais facilidade a outros países e regiões que bens manufaturados. Por outro lado, alguns itens manufaturados também têm participação relevante na pauta de exportação brasileira para os Estados Unidos, como aeronaves e máquinas para o setor de energia. O Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, avaliou que o nível de incerteza permanece elevado, em particular graças à questão tarifária nos Estados Unidos. Os indicadores de incerteza haviam apresentado queda momentânea, mas voltaram à tona com mais força após Donald Trump elevar a tarifa ao Brasil de 10% para 50% e anunciar tarifas a outros países.

Esse indicador de incerteza deve voltar a crescer ao longo dos próximos dias. As incertezas tendem a aprofundar a perda de poder do dólar, o que significa pressão inflacionária nos Estados Unidos. Em relação à China, há um quadro de resiliência na atividade, com alguma preocupação do ponto de vista da inflação do produtor. O que por um lado traz preocupações, mas por outro tem ajudado a China a encontrar novos estímulos para sua produção, uma vez que ela também está envolvida na guerra comercial produzida pelos Estados Unidos. Na América Latina, um dos temas decisivos para a região é justamente o enfraquecimento do dólar, que tem sido mais relevante desde o início do governo do presidente Donald Trump. Isso tem ajudado países latino-americanos a controlar melhor sua inflação. O Brasil é um dos destaques neste caso, principalmente pelo diferencial de juros em relação aos Estados Unidos, o que faz com que o País atraia maior volume de investimentos estrangeiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.