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14/Jul/2025

Embraer é a empresa mais afetada pelo tarifaço

A tarifa de 50% para produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump para vigorar a partir de 1º de agosto vai ter impacto em grandes empresas como Embraer, Suzano, Tupy, Weg e Minerva. De acordo com cálculos da XP Investimentos, a Embraer será a mais afetada, pois aproximadamente 23% de sua receita vem das exportações para os Estados Unidos. Em seguida estão Suzano, com 16,6% das receitas em exportações para o mercado norte-americano; Tupy, 13,9%; Jales, 11%; Frasle, 10,8%; e Weg, 9,1%. Com cerca de 60% da sua receita atrelada ao mercado norte-americano, a Embraer é considerada uma das mais expostas às tarifas. Os temores vêm pressionando as ações da companhia, que recuam desde quarta-feira (09/07). O Itaú BBA prevê impacto de US$ 150 milhões no Ebit (lucro antes dos juros e tributos) da fabricante de aviões entre agosto e dezembro de 2025, o que representa cerca de 25% da estimativa de lucro operacional da companhia para este ano.

Segundo o Itaú BBA, uma tarifa de 50% poderia gerar um aumento de 25% no preço para os clientes, potencialmente implicando em adiamento de entregas ou cancelamentos de pedidos. A Embraer informou que avalia o possível efeito em seus negócios, caso o decreto se aplique à indústria de aviação no Brasil. A companhia disse ainda que o tema será abordado na teleconferência de resultados do segundo trimestre, marcada para 5 de agosto. A empresa está trabalhando com as autoridades competentes visando restabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico. No caso da Suzano, segunda mais afetada pela decisão de Trump nas contas da XP Investimentos, a exposição ao mercado norte-americano é muito demais para ser facilmente redirecionada para outras regiões e exigiria um esforço comercial e logístico significativo, bem como uma pressão potencial sobre os preços no processo.

Para o Goldman Sachs, além da exposição maior ao mercado norte-americano, o que dificulta o desvio para outros países, o entendimento é de que a Suzano tem contratos de longo prazo com grandes compradores nos Estados Unidos que também não poderiam ser facilmente alterados em razão de especificações de qualidade. Especialistas também avaliaram que outra empresa que deverá sofrer com as tarifas é a Weg. O banco UBS destacou que uma tarifa recíproca de 10%, por exemplo, pode ter um impacto negativo de 0,7% na margem da companhia, o que representaria uma queda de 3% no lucro líquido neste ano. A Weg afirmou que o cenário ainda é marcado por incertezas e, por isso, preferiu não comentar imediatamente o tema. A empresa seguirá acompanhando os desdobramentos e comunicará de forma precisa assim que houver maior clareza sobre o tema. No setor de petróleo, a XP avalia que o impacto das sobretaxas pode ser amenizado com o desvio dos embarques para outros destinos.

O Brasil também importa produtos de petróleo refinado, gás natural e produtos químicos dos Estados Unidos, o que pode ter um impacto se o Brasil decidir retaliar. A XP Investimentos destaca ainda que a maior parte das exportações do País é formada por commodities, que podem ser redirecionadas a outros mercados. Nessa lista, os principais itens são: petróleo bruto e refinado, com 18,8%; produtos de ferro e aço, 14,7%; e equipamentos de transporte, 6,8%. Nas importações, os Estados Unidos aparecem como o segundo maior parceiro, respondendo por 15% do total comprado pelo Brasil. Os produtos mais relevantes são equipamentos de geração de energia, seguidos de derivados de petróleo, plásticos, gás natural, veículos e químicos. Os analistas afirmaram ainda que é preciso acompanhar os efeitos macroeconômicos das tarifas sobre o câmbio, investimento estrangeiro direto (IED) e inflação. Os impactos indiretos relevantes serão na moeda, nas expectativas de inflação, especialmente se o Brasil retaliar.

Os Estados Unidos registraram no primeiro trimestre deste ano superávit de US$ 654 milhões no comércio com o Brasil. Levantamento da Amcham-Brasil mostrou que os valores transacionados entre os dois países somaram US$ 20 bilhões no período, o maior da série histórica, a partir de 2000. Entre os setores de maior destaque, a Amcham citou as exportações da indústria brasileira e o crescimento das importações de bens de alto valor agregado fabricados nos Estados Unidos, com ênfase em tecnologia e energia. As exportações da indústria brasileira aos Estados Unidos somaram US$ 7,8 bilhões entre janeiro e março, o maior valor da história para o trimestre. Entre os itens mais exportados, a Amcham citou os sucos (alta de 74,4% em relação ao ano anterior); óleo combustíveis (42,1%) e café não torrado (34%). A carne bovina também passou a figurar entre os dez produtos mais exportados, com alta de 111,8%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.