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14/Jul/2025

Brasil é “bode expiatório” para as políticas dos EUA

Na avaliação de Livio Ribeiro, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% para os produtos brasileiros sinaliza para o mundo as consequências de não se alinhar à agenda norte-americana, qualquer que seja essa agenda. A decisão dos Estados Unidos não foi econômica, dado que o Brasil é irrelevante para "o comércio norte-americano". "O texto da carta enviada ao Brasil é muito genérico e é eminentemente político. Segue a entrevista.

Qual é a avaliação da taxação de 50% para os produtos brasileiros anunciada por Trump?

Livio Ribeiro: O Brasil é economicamente irrelevante para o comércio americano. É uma balança comercial quase zerada. E o Brasil é o que eu chamo de geopoliticamente instrumental. Ou seja, é um país grande, que chama atenção, é o B de Brics e tem essa questão do Bolsonaro, que é um aliado do presidente americano. O Brasil é usado não somente como um instrumento, mas como um bode expiatório para sinalização para o mundo das consequências de não se alinhar à agenda americana - qualquer que seja essa agenda. É tão simples quanto isso. Qual é o problema? Como se negocia isso? A carta é parecidíssima com todas as outras, mas ela abre falando do Bolsonaro, da perseguição política.

Não é uma questão econômica...

Livio Ribeiro: Não é. No início dessa bagunça toda, houve aquela questão da deportação. Lembra do avião colombiano? O Petro (Gustavo Petro, presidente da Colômbia) não aceitou, e o Trump taxa as exportações colombianas, e aí o Petro aceita o avião, e a taxação some. É mais ou menos a mesma natureza, mas agora é uma invasão em uma questão doméstica, que é infinitamente maior. E a posição brasileira é extremamente delicada.

E qual pode ser o impacto para as exportações brasileiras?

Livio Ribeiro: Há características muito específicas de pautas. Eu veria muito mais um impacto sobre empresas do que sobre a balança agregada. A questão é entender quem tem exceção e quem não tem. O texto da carta é muito genérico e é eminentemente político. A questão é entender quem tem exceção e quem não tem.

Fonte: Broadcast Agro.