11/Jul/2025
Segundo a StoneX, a tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros representa a mais alta taxa imposta a qualquer país nesta semana e tem motivação política. A medida pode encarecer alimentos nos Estados Unidos e contraria dados da balança comercial bilateral. Donald Trump parece se envolver em políticas domésticas, dizendo que as tarifas foram parte do tratamento do ex-presidente Bolsonaro. A ameaça é direcionada contra uma nação que vende menos produtos para os Estados Unidos do que compra, contrariando o argumento de Trump sobre déficits comerciais insustentáveis.
Em 2024, o Brasil importou US$ 44 bilhões em produtos norte-americanos, enquanto os Estados Unidos compraram US$ 42 bilhões do Brasil. O superávit brasileiro de US$ 2 bilhões contradiz a justificativa econômica para a imposição das tarifas. A medida pode afetar consumidores norte-americanos. Se as ameaças anunciadas por Trump tiverem efeito, os preços da comida nos Estados Unidos podem ser impactados. Cerca de um terço do café consumido nos Estados Unidos vem do Brasil, e mais da metade do suco de laranja vendido no mercado norte-americano também é brasileira. Açúcar e minério de ferro estão entre outros produtos afetados.
Os mercados reagiram imediatamente. O Real caiu frente ao dólar, enquanto a B3 fechou em queda. Trump pode estar procurando usar as tarifas como ameaças para alcançar seus objetivos geopolíticos. O Brasil está sendo usado como exemplo em uma estratégia mais ampla. A tarifa de 50% representa escalada em relação aos 10% anunciados em abril para diversos países e está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. A medida atinge setores estratégicos do agronegócio brasileiro, incluindo carne bovina, café, produtos florestais, etanol e suco de laranja. Trump também determinou a abertura de investigação comercial contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que pode resultar em sanções adicionais.
Segundo o ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), David Zylbersztajn, a diplomacia brasileira vai ter que se virar de uma maneira inédita para tentar resolver o impasse envolvendo diretamente os presidentes do Brasil e Estados Unidos. "Eu particularmente nunca vi nada parecido, uma mistura de motivos tão estapafúrdios. Não sei como a diplomacia brasileira vai lidar com essa questão", avalia. Tanto Estados Unidos quanto Brasil vão procurar outros mercados, o que não acontece da noite para o dia, mas não é nada que não possa ser contornado. O pior é que racha uma relação que tinha uma certa solidez, e quando voltar, volta desconfiada, uma referência à longa relação entre Brasil e Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.