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11/Jul/2025

Setor exportador prevê perdas com tarifa dos EUA

Representantes de diferentes setores exportadores demonstraram surpresa e lamentaram a tarifa de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil. Previram que o impacto será também para os Estados Unidos.

- Café: o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avaliou que a medida pode gerar impactos negativos para consumidores e a própria economia americana.

- Calçados: a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) definiu a tarifa como "um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro".

- Carnes: a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) vê um entrave ao comércio internacional e ameaça à segurança alimentar global.

- Metalurgia: a tarifa deve afetar principalmente as empresas do setor siderúrgico. É preciso analisar "caso a caso", porque empresas brasileiras têm fábricas em outros países e podem exportar aos Estados Unidos a partir deles.

- Plásticos: segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico, o impacto está não só nos produtos plásticos vendidos diretamente como também nos outros produtos em que participa do processo produtivo.

- Sucos: a CitrusBR avalia que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco nos Estados Unidos, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas.

- Têxtil: segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), medidas unilaterais e intempestivas não servem aos interesses dos brasileiros ou dos estadunidenses.

O BTG Pactual estima que a elevação da tarifa dos Estados Unidos sobre bens importados do Brasil, de 10% para 50%, reduz as exportações em US$ 7 bilhões (0,3% do Produto Interno Bruto) em 2025 e em US$ 13 bilhões (0,6% do PIB) em 2026, assumindo um cenário de redirecionamento gradual e heterogêneo entre os diferentes produtos da pauta. Embora a participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras tenha recuado de quase 25% no início dos anos 2000 para 12% em 2024 (US$ 41 bilhões), o mercado norte-americano segue como o segundo principal destino das vendas externas do Brasil, sendo o mais relevante para bens manufaturados de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas.

A medida dos Estados Unidos contra o Brasil não tem como justificativa principal o comércio, mas sim divergências políticas. Caso os Estados Unidos estendam a tarifa para toda a pauta comercial, eliminando as exceções que incluem o petróleo bruto, a perda adicional seria "relativamente modesta", podendo alcançar uma diminuição de US$ 8 bilhões em 2025 e US$ 14 bilhões em 2026 nas exportações. Isso porque o setor de petróleo conta com maior flexibilidade comercial e capacidade logística para redirecionar embarques a outros mercados. A elasticidade-preço das importações brasileiras quanto ao câmbio é inferior a 1 no curto prazo, com a depreciação inicial do Real tendendo a aliviar pouco o impacto externo.

Como consequência, o saldo comercial e o déficit em transações correntes devem se deteriorar quase na mesma proporção da perda de exportações. Quanto a retaliações por parte do Brasil aos Estados Unidos, o BTG sinaliza que a estratégia tende a ter efeitos colaterais negativos, mesmo que, por um lado, contribuiria para reduzir o impacto líquido sobre o saldo comercial. Por outro, aumentaria incertezas, geraria distorções adicionais e encareceria as importações de bens de capital e intermediários, afetando produtividade e investimentos domésticos. Além disso, as retaliações poderiam ainda desencadear uma escalada das tensões comerciais e pressionar a inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.