11/Jul/2025
O Citi avaliou que a medida do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras não terá grande impacto sobre as empresas de. A avaliação é de que a maioria exporta um pequeno volume de suas vendas para os Estados Unidos (ou mesmo não exporta). A principal exposição é da Suzano, que tem 15% de suas vendas direcionadas ao país, mas isso não deve representar um impacto relevante no médio a longo prazo, apesar do potencial atrito de curto prazo. Por outro lado, o maior risco geopolítico pode se traduzir em uma tendência de alta no câmbio. Se esse cenário se concretizar, o impacto pode ser positivo para as empresas que tem parte de seus custos denominados em Reais. No entanto, é muito cedo para avaliar qualquer coisa a esse respeito. Os Estados Unidos são um grande produtor de petróleo e gás e seus produtos relacionados. Portanto, o país não tem grande dependência do comércio internacional.
De acordo com a Energy Information Administration (EIA), o Brasil exporta cerca de 200 mil barris por dia, o que equivale a aproximadamente 5% da produção brasileira de petróleo bruto e produtos petrolíferos para os Estados Unidos, o que é um volume pequeno e poderia ser facilmente redirecionado para outros países no curto prazo. Da mesma forma, os Estados Unidos são um grande produtor e exportador das principais commodities agrícolas, como soja, milho e algodão, e tem quase zero dependência das exportações do Brasil. Embora os Estados Unidos sejam um grande importador de açúcar, a maior parte desse volume não vem do Brasil devido a cotas de exportação, que limitam as exportações brasileiras. Com relação ao etanol, os Estados Unidos também são um produtor relevante, mas o Brasil exporta para os Estados Unidos, devido à menor pegada de carbono do produto brasileiro em comparação com o etanol norte-americano.
Assim, mesmo com as tarifas, pode ser que os Estados Unidos continuem comprando o etanol brasileiro. Caso contrário, esse volume é pequeno e poderia ser redirecionado para outro destino. No setor de metais e mineração, o impacto também parece limitado. Para o aço, as tarifas já são de 50%. A Gerdau não exporta para os Estados Unidos a partir do Brasil e tem cerca de 50% do Ebitda em operações baseadas neste país. CSN e a Usiminas já viram suas exportações caírem para níveis quase zero após as tarifas de aço de 50% anteriores e continuam negociando cotas com o governo brasileiro. A CBA está em posição semelhante, com exposição mínima ao mercado dos Estados Unidos (de 3% para cerca de 1% após as tarifas de 50% sobre o alumínio). A Vale, que exporta uma pequena parte de sua produção (cerca de 3% das receitas totais em 2024), poderia redirecionar volumes para outras geografias. No geral, a exposição do setor é pequena e já se ajustou às tarifas recentes de aço e alumínio.
No caso da Klabin, cerca de 2% de suas receitas em 2024 vieram das vendas aos Estados Unidos e os volumes poderiam ser realocados sem grandes interrupções. Já a Suzano, que exporta perto de 15% das receitas totais para os Estados Unidos, pode enfrentar atritos de curto prazo, mas a empresa se beneficia de estar no quartil de menor custo da indústria, com escala global e flexibilidade. Assim, a expectativa do Citi é de que, no médio prazo, a Suzano realoque volumes para outras regiões, potencialmente Europa, já que os Estados Unidos precisariam buscar volumes de outras alternativas de suprimento de custo mais alto, uma vez que têm déficit de fibra de madeira dura. A medida pode causar algum atrito de curto prazo, mas é improvável que afete materialmente os fundamentos da empresa. A Porto Asset reforça que o impacto majoritário da tarifa de 50% será em torno do câmbio e do prêmio de risco. Em efeito cascata, as expectativas de inflação devem ficar um pouco mais pressionadas.
A taxação para produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos tende a reduzir um pouco do impacto positivo do câmbio visto em 2025, que antes deveria contribuir para uma desinflação dos itens comercializáveis que dependem da cotação em dólar. Então, na medida em que o câmbio desvaloriza, acaba puxando também uma reversão parcial da desinflação que era esperada em torno dos itens associados ao dólar. Em termos de Produto Interno Bruto (PIB), o impacto deve ser "moderadamente negativo", levando em conta a pauta de exportações brasileiras. O impacto setorial, sobre empresas específicas, pode ser relevante. De toda forma o impacto agregado tende a ser mais moderado. O principal produto da pauta de exportação brasileira aos Estados Unidos é o petróleo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.