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10/Jul/2025

EUA: políticas de Trump são maior ameaça ao dólar

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi além nas críticas ao Brics e revelou o que o incomoda no bloco: a ameaça ao dólar. Mas, para analistas, Trump pode ser a principal fonte de fraqueza recente da moeda norte-americana. No acumulado do ano, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante seis divisas rivais de peso, amarga perdas de mais de 10%, abaixo dos 98,000 pontos. A referência teve a mais forte desvalorização para um primeiro semestre desde 1973. É uma reviravolta no cenário visto em 2024, quando a apresentou ganhos de 7,06%, para 108,487 pontos, o maior salto nesta base comparativa desde 2015. Para Trump, parte da culpa da fraqueza do dólar é do Brics. "O Brics não é um problema sério, mas eles estão tentando desvalorizar e destruir nosso dólar. Se perdemos o valor do dólar, é como se tivéssemos perdido uma guerra. Quem tentar desafiar o dólar vai pagar o preço", disse o presidente dos Estados Unidos, nesta semana.

De acordo com ele, o bloco de países emergentes foi montado para "atingir" os Estados Unidos e desvalorizar o dólar. O acrônimo Bric foi criado em 2001, pelo britânico Jim O'Neill, que na época atuava como economista-chefe do Goldman Sachs. Naquele ano, ele publicou o relatório "Build Better Global Economic - Bric", cunhando a sigla para o bloco, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Anos depois, a África do Sul foi convidada a ingressar no grupo. Nos últimos anos, contudo, o Brics cresceu. Atualmente, o bloco é formado por 11 países membros, sendo cinco membros originais e seis novos: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. E, para especialistas, a ampliação do grupo pode ter efeitos negativos, uma vez que dispersa os objetivos comuns.

Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brics não é um "grupo fechado" e que "está incomodando", referindo-se às críticas de Trump. Na terça-feira (08/07), o presidente dos Estados Unidos voltou a criticar o Brics e disse que os países que se alinharem ao grupo de emergentes serão taxados em 10%. Anteriormente, ele já havia advertido que uma taxa adicional neste patamar seria aplicada a membros do bloco "alinhados às políticas antiamericanas". O que é uma política antiamericana? Depende dos Estados Unidos, alerta o Rabobank. Para o Commerzbank, o ataque de Donald Trump ao Brics é "muito preocupante" e provavelmente uma reação à cúpula do bloco, realizada no Rio de Janeiro, nesta semana. A declaração conjunta publicada na cúpula contém algumas críticas veladas ao governo dos Estados Unidos. Chamam atenção dois trechos do comunicado do Brics, publicado no domingo (06/07).

Em primeiro lugar, os países membros criticam o aumento da introdução de tarifas unilaterais e, em segundo, condenam os ataques ao Irã, no mês passado, sendo que este merece atenção. Se a ameaça de Trump se refere a isso, significaria que a política dos Estados Unidos assume uma nova dimensão, com as tarifas não servindo apenas para impor demandas comerciais, mas também interesses de política externa a outros países. Mas, uma das maiores ameaças ao status do dólar como moeda de reserva mundial é a própria política de sanções dos Estados Unidos mais rigorosa, que aumenta excessivamente o custo de usar a moeda norte-americana em transações. O ex-presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York, William Dudley, avalia que a "notável fraqueza" do dólar nos últimos meses tem por trás a abordagem combativa do governo norte-americano nas relações exteriores e comerciais. Normalmente, quando se aumenta tarifas, a moeda se valoriza.

O fato de que a administração Trump tem aumentado tarifas e o dólar têm se desvalorizado indica que há um apetite reduzido dos investidores estrangeiros por dívida denominada em moeda norte-americana nesse ambiente. Em suas repetidas críticas ao Brics, Donald Trump não mencionou o Brasil ou outro país especificamente. Mas, na visão da Eurasia, a perspectiva de um acordo tarifário entre Brasil e Estados Unidos segue distante depois dos recentes acontecimentos. Isso porque os comentários do presidente norte-americano dificultam qualquer avanço nas negociações bilaterais com o País. A UBS BB vai na mesma linha. Embora analistas políticos não esperem que esse assunto se agrave, a relação entre os Estados Unidos e o Brasil não deve avançar de forma positiva, mas também não deve se deteriorar muito mais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.