07/Jul/2025
O Ministério da Fazenda define o Plano Safra 2025/2026 como realista. O montante anunciado foi de R$ 594,441 bilhões para os financiamentos de pequenos, médios e grandes produtores na safra que começou no dia 1º de julho e se estenderá até 30 de junho de 2026. Há dois pontos principais para construir um Plano Safra: o funding de recursos e o custo da equalização. O governo não pode inventar dinheiro para inflar o número. O governo rebate as críticas de que os números estão superdimensionados, ao mesmo tempo em que há reclamações que o aumento na oferta foi contido. O cálculo do governo inclui R$ 188,5 bilhões projetados de Cédulas de Produto Rural (CPRs) originadas de recursos com direcionamento obrigatório. O argumento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) de que o montante anunciado não é todo efetivado é esvaziado ao se avaliar a aplicação de 97,5% do total do Plano Safra 2024/2025, até o fim de junho, considerando as CPRs. O desempenho da safra passada mostra que os números são realistas. O governo federal é contra qualquer tipo de ‘fake news’.
O governo não trabalha com funding ‘fake’ e sim com projeções a partir do passado para estimar as fontes. O cenário calculado considera o aplicado na safra passada e o estoque de fontes de recursos projetados pelo Banco Central. O Plano Safra lançado pelo governo foi o "possível" para as condições atuais. O Plano Safra atual foi umas das políticas de crédito rural mais difíceis de ser construída no âmbito de funding de recursos. A primeira discussão, antes da equalização e de juros, é o montante de recursos disponível a ser emprestado. Em mais de vinte anos, esse é um dos primeiros anos que se enfrenta escassez de funding, em virtude do comprometimento de recursos com renegociações e recursos travados até o fim do período de liberação e retorno dos recursos financiados. Mesmo com a restrição de funding, o Plano Safra vem crescendo ano a ano. É um crescimento muito significativo de praticamente 50% em três safras. Entretanto, há um limite para empréstimo até mesmo dos recursos livres pelas prorrogações e pelo carregamento dos saldos contratados.
Sobre o fato de os recursos não terem acompanhado a inflação acumulada no período de 5,32%, e, portanto, não ser crescimento real corrigido, uma das críticas das entidades do setor produtivo, o argumento é que não há no momento funding de recursos suficientes para um aumento maior nos valores disponibilizados. Considerando o efetivado na safra de R$ 570,74 bilhões incluindo CPRs, o aumento foi de 4,1% acima do 1,7% em relação ao montante anunciado entre uma safra e outra. O governo gostaria que o incremento fosse no mínimo a inflação, mas não foi possível. A mesma avaliação se estende aos juros, que ficaram em níveis acima dos desejados pelo governo, com aumento de 1,5% a 2% em linhas da agricultura familiar e empresarial. Os juros variaram de 0,5% a 8% ao ano na agricultura familiar e de 8,5% a 14% ao ano na agricultura empresarial, dada a pressão da Selic, que passou de 10,5% ao ano a 15% ao ano entre as safras. Em algumas linhas foi possível manter a taxa de juros, mas a Selic aumentou 4,5%.
Então, os produtores terão de arcar com uma parte do custo maior, menos da metade, o Estado assumiu outra parte do custo e as instituições financeiras assumiram outra parcela. A demanda das instituições financeiras apresentadas ao Executivo foi "pouco acima" do ofertado pelo governo, mas o total girou de 80% a 95% do pleiteado pelos bancos. Ao todo, o volume ofertado no Plano Safra 2025/2026 ficou "pouco abaixo" do pedido pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os recursos foram inferiores sobretudo na fatia de equalizados, com subvenção do Tesouro nas taxas de juros, em relação ao total disponibilizado e o pleiteado pelos ministérios, em virtude da limitação orçamentária. Os valores ofertados tendem a fazer frente à demanda do setor agropecuário por financiamentos na safra. A demanda do setor está relacionada diretamente às condições de financiamento dos recursos ofertados, sobretudo os juros.
Com a taxa maior, pela realidade da Selic, pode ser que haja redução no nível de investimento do produtor e, por isso, o foco nesse momento é custeio. Se o produtor puder adiar algum tipo de investimento nesse momento porque a Selic está cara, é melhor que o investimento seja apenas em aportes imprescindíveis porque o custo ao governo e do produtor aumenta. O Executivo conseguiu cumprir seus dois objetivos na construção do funding do Plano Safra atual: ampliar o funding de recursos a partir do aumento do direcionamento de recursos obrigatórios e diminuir os custos e a pressão sobre o Tesouro. Houve uma diminuição no custo total com redução dos spreads bancários nas linhas equalizadas pelo Tesouro. Os números serão conhecidos com a publicação da portaria da Secretaria do Tesouro Nacional com a distribuição dos recursos equalizados entre os agentes financeiros nos próximos dias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.