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07/Jul/2025

Plano Safra 2024/2025: dados finais da execução

O Plano Safra 2024/2025, que terminou em 30 de junho, foi concluído com R$ 570,74 bilhões em recursos liberados para pequenos, médios e grandes produtores, incluindo crédito rural tradicional e as Cédulas de Produto Rural (CPRs) originadas com recursos de direcionamento obrigatório. Os números referem-se aos valores contratados pelo setor agropecuário na temporada de 1º de julho de 2024 a 1º de julho de 2025, de acordo com dados do Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor/BCB) do Banco Central compartilhados com o Ministério da Fazenda. Com isso, 97,5% da oferta total de crédito rural ao setor foi aplicada. Ao todo na safra passada, o governo ofertou R$ 584,61 bilhões em financiamentos para o setor agropecuário, considerando R$ 476,60 bilhões em recursos de crédito rural e R$ 108,01 bilhões de recursos de Cédulas de Produto Rural (CPRs) originadas de recursos com direcionamento obrigatório. Pelo menos nos últimos 25 anos, nunca houve uma eficiência tão grande em relação ao que é anunciado do que efetivamente é aplicado.

De CPRs, a projeção do Executivo no lançamento do programa de movimentação de R$ 108 bilhões pelos títulos agrícolas foi superada e alcançou R$ 180,7 bilhões até o fim do ano-safra. As CPRs contabilizadas no cômputo geral pelo governo são apenas as emitidas por produtores rurais e adquiridas por instituições financeiras com recursos do direcionamento obrigatório de poupança rural e de Letras de Crédito do Agronegócio. Na agricultura familiar, pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), foram contratados R$ 66,931 bilhões de um volume inicialmente projetado de R$ 70,030 bilhões. Enquanto na agricultura empresarial, para financiamentos de médios e grandes produtores, foram contratados R$ 503,806 bilhões, incluindo as CPRs, de R$ 508,577 bilhões inicialmente projetados. Dentre a empresarial, somente no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foram aplicados até 30 de junho R$ 61,503 bilhões de R$ 65,218 bilhões anunciados no lançamento da safra.

Em relação ao crédito rural em si, a aplicação foi menor que o projetado pelo Executivo. Foram R$ 389,37 bilhões contratados até 30 de junho ante R$ 476,60 bilhões anunciados pelo governo no lançamento do Plano Safra 2024/2025. O desempenho foi de 81,7% entre o anunciado e o efetivado. Houve uma redução do recurso de crédito rural à taxa livre estimado inicialmente que foi substituído por CPRs. Houve um acréscimo de R$ 72 bilhões em CPRs ante o projetado, o que dá um desempenho muito bom ao todo na safra. O desembolso de crédito rural foi também inferior ao da temporada passada. Esse desempenho vai em linha do observado, que as fontes de recursos para crédito rural puro têm ficado, cada vez mais, restritas, mas ao mesmo tempo o aumento das LCAs tem produzido uma quantidade muito grande de recursos destinados à compra de CPRs, o que impulsiona a oferta total de crédito. Do montante de crédito rural, houve queda em relação ao projetado e ao aplicado de recursos equalizados.

Ao todo, os recursos equalizados aplicados em linhas de crédito da agricultura empresarial e familiar somaram R$ 124,341 bilhões, abaixo dos R$ 138,209 bilhões anunciados pelo Executivo como disponibilidade para a safra, com total de 90% de aplicação. Como o Tesouro autoriza o saldo médio máximo das linhas de crédito que podem ser equalizadas, e não o volume de recursos autorizados para contratação, então quando há uma contratação dos recursos equalizado próximo a 90% é como se os 100% tivessem sido atingidos. Dentre os recursos equalizados, dos R$ 92,8 bilhões estimados para agricultura empresarial, foram aplicados R$ 84,5 bilhões. Na agricultura familiar, a aplicação foi de R$ 39,8 bilhões em recursos equalizados frente aos R$ 45,4 bilhões projetados inicialmente. É uma performance muito boa. Os números do Plano Safra 2024/2025, sobretudo em recursos equalizados, são questionados por entidades do setor produtivo e pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que alegam que o valor realmente efetivado na safra ficou abaixo do anunciado pelo governo.

Representantes do agronegócio afirmam que havia demanda dos produtores pelo acesso aos recursos equalizados e apontam dificuldades na operacionalização dos recursos. A afirmação por parte de representantes do Congresso Nacional de que o governo lança um Plano Safra que não é executado não é verdadeira. Os números mostram isso. Há uma particularidade, que não começou no governo atual e sim há anos, de que o Tesouro autoriza um saldo médio máximo das linhas de crédito que podem ser equalizadas. Quanto às fontes de recursos, a aplicação do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) foi de R$ 6,51 bilhões ante R$ 6,89 bilhões anunciados, taxa de efetividade de 94,5. Recursos provenientes de fundos constitucionais superaram a estimativa inicial de R$ 36,34 bilhões, alcançando R$ 40,49 bilhões. Os valores de recursos livres e equalizados do BNDES alcançaram R$ 36,20 bilhões, abaixo do projetado de R$ 66,49 bilhões.

Em recursos obrigatórios, a composição do funding Plano Safra 2024/2025 até 30 de junho teve R$ 51,85 bilhões em recursos obrigatórios captados do depósito à vista de R$ 60,66 bilhões inicialmente projetados. Outros R$ 111 bilhões foram provenientes de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) direcionadas ao crédito rural, de R$ 160,70 bilhões inicialmente projetados. Em contrapartida, os recursos provenientes da poupança rural somaram R$ 69,79 bilhões frente aos R$ 49,29 bilhões inicialmente projetados. Em recursos próprios dos agentes financeiros (livres e equalizados), foram R$ 68,49 bilhões aplicados, inferior aos R$ 87,99 bilhões projetados no lançamento da safra. Todos os números foram levantados pelo Banco Central e compartilhados com o Ministério da Fazenda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.