07/Jul/2025
O Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aprovou uma recomendação para a criação de uma nova diretoria-executiva para a estatal focada em negócios e captação de recursos. O objetivo é dar uma “veia capitalista” e buscar fontes alternativas de monetização da empresa e financiamento de pesquisas. A recomendação aprovada é para que a diretoria-executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia seja desmembrada. A área de negócios ficaria a cargo de uma nova diretoria, que incorporaria também as atribuições para captação de recursos nacionais e internacionais. Há possibilidade, inclusive, de o gestor ser externo e não membro da Embrapa. As mudanças ainda serão alvo de estudos internos e dependem de aprovação de várias instâncias governamentais para serem efetivadas.
A presidente Silvia Massruhá afirmou que o foco dos próximos dois anos de gestão será encontrar fontes alternativas para que a Embrapa deixe de ser “totalmente dependente” do orçamento do governo federal e tenha meios próprios de captação de recursos, por meio dos royalties das tecnologias, sociedades e outras iniciativas. Ela quer mais previsibilidade para o caixa da estatal e que o dinheiro obtido com a exploração das inovações lançadas pela empresa seja canalizado diretamente para os cofres próprios e retroalimentem a pesquisa. Atualmente, a captação de royalties, por exemplo, vai para o caixa geral da União e demora a retornar aos pesquisadores. A intenção é testar novos modelos que deem sustentabilidade financeira, para poder pesquisar com mais calma, não ter que descontinuar pesquisas por falta de recursos e ser mais ágil nas entregas.
Na fase de estudo para implementação da nova diretoria, um “embrião” já vai atuar em um projeto-piloto de parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Um acordo assinado em maio entre a Embrapa e a instituição mira a revisão patrimonial, com a possibilidade de arrendar áreas da estatal subutilizadas, participação acionária (equity) com startups que desenvolvem tecnologias agropecuárias desenvolvidas pelos pesquisadores públicos e a mobilização de recursos via fundos. Há, inclusive, a possibilidade de criação de subsidiária para a Embrapa. A ideia, agora, é usar o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) para internalizar os recursos diretamente para a estatal. Existem unidades descentralizadas que precisam continuar, pela importância social e o contexto em que estão inseridas.
Em outras, há um vasto portfólio de tecnologias já geradas e potencial para gerar mais, mas o modelo de negócios não é adequado. A Embrapa precisa focar para complementar o orçamento e ter sustentabilidade financeira. O recado do Conselho de Administração da Embrapa (Consad) foi claro nesse sentido. O Consad afirmou que é preciso dar uma “veia de capitalismo” para a Embrapa. O intuito não é privatizar a empresa, mas são necessários mais resultados na monetização a partir das tecnologias geradas pelos pesquisadores. Existe um mercado até maior fora do Brasil. A Embrapa nunca teve foco em negócios externos. Agora é preciso complementar o orçamento. O montante que ingressa de royalties é irrisório.
A ideia é de que parte dos recursos que não são da folha de pagamentos, algo em torno de R$ 500 milhões por ano, venha de fonte de trabalho, de royalties. Há uma gama de tecnologias inexploradas monetariamente. O movimento tem apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o objetivo é “desengessar” a empresa. O BNDES tem sido parceiro. Será criado um núcleo de negócios junto com o banco para desmobilização de ativos, terras, arrendamento, para ajudar a fazer novos negócios, criar parcerias. São modernizações. Nenhum governo fez essas alterações estruturais. Estatal comum não consegue ir para o mercado, para ir é preciso “arrebentar as amarras”. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.