04/Jul/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá chegar ao Rio de Janeiro no sábado (05/07) para participar da reunião de cúpula do Brics, que ocorre nos dias 6 e 7 de julho. Por enquanto, estão previstas reuniões bilaterais com os primeiros-ministros da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, e do Vietnã, Pham Minh Chinh. Está previsto que o evento do grupo comece no domingo (06/07), com a presença apenas dos nove membros do Brics mais a Arábia Saudita, que ainda não oficializou sua entrada, mas deve participar dos encontros no Rio de Janeiro. São eles: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã. Como anfitrião do evento em 2025, o Brasil convidou Belarus, Bolívia, Cuba, Nigéria, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão para as sessões mais amplas. Neste primeiro encontro, realizado apenas com autoridades de países-membros do Brics, o tema central será a geopolítica.
Será discutida uma das prioridades da presidência brasileira: o avanço da Inteligência Artificial (IA) e como o grupo poderá aproveitar essa tecnologia. Também nesta sessão está na pauta a guerra tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na segunda-feira (07/07), juntam-se ao grupo os representantes de países parceiros do Brics e convidados do Brasil. Será a vez de debater saúde e meio ambiente, com o anfitrião tentando articular para a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA). Após o encontro, deve haver a divulgação de duas declarações sobre os temas. No encerramento do evento, a expectativa é pela publicação do comunicado da cúpula, que costuma reunir os principais pontos tratados pelas duas trilhas (sherpas e financeiras) e pelos grupos de debate sobre os mais variados assuntos.
A presidência brasileira do Brics procura encontrar um termo intermediário para a postura do grupo em relação à guerra tarifária criada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril, no comunicado oficial do grupo que deve ser divulgado no domingo (07/07). Enquanto alguns países gostariam de ver no texto uma postura mais amena sobre o tema, já que há tratativas em andamento com os Estados Unidos no momento, outros têm defendido uma linguagem mais agressiva sobre o Liberation Day. O trabalho da presidência do grupo é chegar a um meio de caminho. Com certeza, este será um dos temas mais sensíveis a serem referendados pelos líderes no documento de encerramento do encontro, ainda que a maior parte dos chefes de Estado e de governo dos fundadores do Brics não venha para a edição brasileira.
Outro assunto tido como complexo é o da reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que também foi defendida pelo Brasil durante a presidência rotativa, no ano passado, do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20). Em abril, divergências apresentadas por Egito e Etiópia à reforma impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores. Outro tema que comumente traz cizânia em grupos multilaterais como o Brics e o G20 é o que trata do clima. O Brasil está particularmente interessado em fazer os participantes chegarem a um consenso sobre o meio ambiente no texto pós-encontro porque o País também será sede, em novembro, da COP30, em Belém (PA). Apesar dos recentes confrontos internacionais, que envolvem alguns dos membros do Brics, a elaboração de um parágrafo sobre geopolítica não é vista como algo tão desafiador.
Isso porque o grupo já se pronunciou, de forma conjunta, sobre os eventos bélicos tanto em relação à Israel e o grupo terrorista Hamas, como, mais recentemente, sobre os ataques envolvendo o Irã. Outro tema relevante é o financiamento climático. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, não se pode esperar que os países desenvolvidos cumpram os compromissos em relação ao desenvolvimento sustentável. Os países ricos primeiro se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões às nações em desenvolvimento em prol da transição climática, e essa promessa aumentou posteriormente para US$ 300 bilhões. No entanto, isso não deve acontecer, dado que os gastos com defesa nas nações desenvolvidas estão crescendo, em paralelo a uma redução nos recursos antes direcionados à ajuda internacional. Além disso, ainda que fosse distribuída, a ajuda de US$ 300 bilhões "não é suficiente”.
O montante deveria chegar mais perto das reais necessidades para financiar a transição climática, que é uma cifra de US$ 1,3 trilhão, valor que é apontado por organizações internacionais como necessário para financiar a transição energética nos países mais pobres e vulneráveis. O Ministério das Relações Exteriores afirmou também que há 40 pedidos de países para entrar como parceiros o Brics. O Brics trata sobre coisas concretas e há maior sensibilidade para funding, para o financiamento de projetos em diversos países. É preciso dar continuidade às políticas acertadas em cúpulas com o G20. O Brics nunca teve a intenção de ser grupo político, então não faz sentido a ideia de que está contra União Europeia ou Ocidente. O comunicado oficial da cúpula de líderes do Brics pode ser divulgado no domingo (06/07), logo após a primeira reunião dos chefes de estado dos países-membros que integram o bloco.
Os líderes dos países-membros serão recebidos para uma sessão de cumprimentos pelo anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir das 9h30 de domingo (06/07) no Museu de Arte Moderna (MAM), no centro do Rio de Janeiro. A reunião dos representantes dos países-membros deve ter início por volta de 11h. Essas primeiras discussões versarão sobre temas como a paz, segurança e reforma da governança global. À tarde, são esperados os representantes dos países parceiros e demais chefes de estado convidados. Após nova sessão de cumprimentos, a plenária dos líderes debaterá temas como o fortalecimento do multilateralismo, assuntos financeiros e inteligência artificial. Na segunda-feira (07/07), segundo e último dia da reunião de cúpula, os líderes de países-membros, países parceiros e demais convidados debaterão em nova plenária conjunta temas como saúde, mudanças climáticas e a COP30. Na ocasião, novos comunicados conjuntos setoriais devem ser divulgados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.