03/Jul/2025
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criticou o montante de recursos do Plano Safra 2025/2026 da agricultura empresarial e familiar apresentados pelo governo federal. Segundo a entidade, o Plano Safra 2025/2026 não responde à altura da importância estratégica do setor. Os valores anunciados ficaram bem abaixo até mesmo da inflação, em que pese nominalmente serem valores maiores. Quando corrigidos pela inflação ficaram menores. O Plano Safra 2025/2026 vai oferecer na temporada que começa hoje um total de R$ 594,4 bilhões em financiamentos para pequenos, médios e grandes produtores, 1,7% a mais do que a oferta de crédito na temporada anterior 2024/2025, de R$ 584,5 bilhões.
Do montante total, R$ 516,2 bilhões serão ofertados para a agricultura empresarial, incluindo recursos de Cédulas de Produto Rural (CPRs), enquanto outros R$ 78,2 bilhões foram direcionados para a agricultura familiar. O aumento de recursos da agricultura familiar foi de 3%, enquanto na empresarial foi de 1,5%. Se considerar uma inflação de 5,32% no período, são valores abaixo da inflação, ou seja, não atendem em volume aquilo que o setor pleiteou. Em relação aos juros, houve manutenção das taxas de juros para financiamentos de alimentos da cesta básica da agricultura familiar, ao mesmo tempo em que teve aumento de 2% nos juros cobrados de financiamentos para soja e pecuária de corte.
É uma taxa muito maior e isso mostra uma segmentação desses produtos da agricultura familiar que também precisam de crédito, mas que terão hoje uma taxa muito maior. Na agricultura empresarial, a preocupação é com a elevação de juros de 8% para 10% nos financiamentos do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Está havendo um distanciamento muito grande dos juros cobrados para os médios produtores ante a agricultura familiar, ao mesmo tempo em que não há aumento do limite de renda para enquadramento da agricultura familiar. A atual conjuntura geopolítica e econômica demandaria um "Plano Safra robusto" para os produtores manterem investimentos na produção. Nesse cenário adverso, preocupa como vai ser a condução da próxima safra.
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) avaliou que o Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026 não será suficiente para atender às demandas da nova safra, mesmo com o valor recorde de R$ 516,2 bilhões. A entidade alertou para a baixa participação direta da União na origem dos recursos e para o aumento dos custos de produção. Apesar do volume recorde para crédito agrícola, o Plano Safra gera incertezas, já que o governo controla de fato pouco mais de 20% do montante, sendo o restante recursos de instituições financeiras que praticam juros de mercado, o que pode acarretar aumentos consideráveis nos custos da produção, mesmo com algumas linhas com taxas mais favoráveis. A associação também manifestou preocupação com a ausência de recursos para o seguro rural, considerado estratégico para mitigar riscos e evitar o endividamento do produtor.
A ausência do seguro rural coloca em risco o produtor rural, sendo essa uma imprescindível política de proteção e segurança da agricultura e faria um nivelamento do sistema para o produtor não precisar renegociar as dívidas. Apesar das críticas, a entidade reconheceu avanços no desenho do Plano Safra 2025/2026. Entre os pontos positivos, está o aumento do teto do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões, e a elevação do limite do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), de 6 mil para 12 mil toneladas. No campo da sustentabilidade, é positiva a inclusão do financiamento para recuperação de áreas degradadas e para ações de prevenção e combate a incêndios no subprograma RenovAgro Ambiental. É uma medida positiva para aliar produtividade à agenda ambiental.
Para a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), o Plano Safra 2025/2026 anunciado pelo governo federal representa apenas um crescimento nominal. A alta dos valores ficou abaixo da inflação de 2024 e o aumento das taxas de juros compromete ainda mais o acesso ao crédito rural. O resultado é um Plano safra que aparenta crescimento, mas que não garante, de fato, maior força financeira para quem está no campo. O governo federal anunciou R$ 594,4 bilhões em recursos para a nova safra, dos quais R$ 78,2 bilhões são destinados à agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões à agricultura empresarial. Segundo a Aprosoja-MS, os reajustes de 2,89% e 1,49% em relação ao ciclo anterior não compensam a inflação acumulada de 4,73% registrada no ano passado. Na prática, para que os produtores mantivessem o poder de compra do ciclo passado, os valores precisariam ser de pelo menos R$ 79,59 bilhões para a agricultura familiar e R$ 532,65 bilhões para a empresarial.
Outro ponto destacado foi o encarecimento do crédito rural em razão da alta nas taxas de juros. As taxas de juros tiveram aumento médio de 2% em relação ao ano passado. Isso encarece ainda mais o acesso aos financiamentos. Há preocupação com a ausência de informações sobre o Programa de Seguro Rural (PSR). Neste Plano Safra não foi apresentado o montante dos recursos destinados ao PSR, que, por sinal, já teve um corte expressivo nas últimas semanas, do valor restante do ciclo anterior. O seguro rural é uma política essencial para garantir sustentabilidade econômica ao produtor diante de riscos climáticos. A entidade acrescentou que o Plano safra precisa ir além dos números totais e assegurar impacto efetivo na ponta. O setor produtivo defende que, além de mais recursos, é essencial avançar em políticas que cheguem na ponta, oferecendo segurança ao produtor rural e fortalecendo a sustentabilidade da atividade.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) avaliou que o Plano Safra 2025/2026 representa um retrocesso para o setor agropecuário ao combinar aumento expressivo das taxas de juros com redução dos mecanismos de apoio à produção. Segundo a entidade, este Plano Safra será o mais oneroso da história para os agricultores e criticou a retração de recursos destinados à equalização do crédito e à subvenção ao seguro rural. Devido às frustrações de safra em várias regiões, o Brasil passa por um momento em que parte dos produtores está em um processo de endividamento e outros estão no limite. E uma das ferramentas que poderia evitar este processo e socorrer os produtores é o seguro rural. No entanto, o governo enxugou 42% desses recursos. Os cortes no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) foram criticados.
A verba prevista no Orçamento de 2025 foi de R$ 1,06 bilhão, mas sofreu um bloqueio de R$ 445 milhões. A decisão do governo federal contraria o discurso de fortalecimento da política agrícola. As taxas de juros anunciadas também foram alvo de críticas da entidade. Os financiamentos para custeio destinados aos produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) passaram de 8% para 10% ao ano. Para produtores de grande porte, a taxa subiu de 12% para 14%. No caso dos investimentos, os médios pagarão entre 8,5% e 12,5% ao ano, enquanto os demais podem pagar até 13,5%. Com a Selic fixada em 15%, o financiamento agrícola brasileiro será um dos mais caros do mundo. O valor autorizado para equalização de juros em 2025/2026 é de R$ 3,9 bilhões, 32% inferior aos R$ 5,6 bilhões do ciclo anterior.
Esse corte afeta diretamente a competitividade do setor, que enfrenta custos elevados e dificuldades para manter o nível de investimento necessário à sustentabilidade da atividade. O que se vê neste Plano Safra é que num dos principais pilares da construção de uma safra, que é o investimento, reduziu-se o dinheiro a ser disponibilizado. Ou seja, haverá menos investimentos na agricultura. Num primeiro momento, quem paga essa conta é o produtor rural. Mas, considerando uma safra menor, a oferta de alimentos nas gôndolas dos supermercados será reduzida, o que fará com que a população arque com boa parte desses custos com a inflação de alimentos causada pela falta de investimentos do governo federal. Para o presidente da Aprosoja Brasil, os entraves do plano são consequência de falhas estruturais na condução da política fiscal.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o aumento de R$ 8 bilhões nos recursos do Plano Safra 2025/2026 da agricultura empresarial, para R$ 516,2 bilhões, não está vinculado à inflação do período, mas à demanda do setor agropecuário. Não foi simples mudança só do aumento de R$ 8 bilhões, mas além de tudo mudanças no aumento do limite dos produtores. Estes R$ 8 bilhões não são em relação à inflação e sim ao direcionamento da necessidade, afirmou o ministro sobre o incremento de 1,5% nos recursos ofertados a médios e grandes produtores. Entidades do agronegócio contestaram o anúncio do governo de o Plano Safra 2025/2026 ser o maior da história, pelo fato de os recursos não terem acompanhado a inflação acumulado no período, que foi de 5,32%.
Para o ministro, além do aumento, o destaque é o direcionamento dos recursos para um maior volume a médios produtores, com aumento no limite de enquadramento do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Agora, os produtores com até R$ 3,5 milhões de faturamento bruto anual poderão ser enquadrados no Pronamp, o que permite que mais produtores tenham acesso às taxas menores das linhas de financiamento, defendeu o ministro sobre o aumento do limite de enquadramento do Pronamp de receita bruta anual de R$ 3 milhões por ano para R$ 3,5 milhões por ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.