01/Jul/2025
A Rússia está finalizando o conceito para o estabelecimento de uma bolsa de grãos entre os países do Brics e planeja apresentá-la em breve aos demais membros do bloco. A iniciativa, que conta com o apoio de todos os integrantes do Brics visa reduzir a dependência do mercado ocidental. O Ministério da Agricultura da Rússia declarou que a criação da bolsa de grãos diminuiria a dependência do bloco em relação às “plataformas comerciais ocidentais” e facilitaria a construção da infraestrutura necessária para melhorar a eficiência do mercado de grãos.
Autoridades russas têm reiteradamente reclamado que os preços no mercado global de grãos são determinados nas Bolsas de Mercadorias de Chicago e Londres. A nova bolsa ajudaria a estabelecer “preços justos” no mercado global, fortalecendo a segurança alimentar e oferecendo um ambiente comercial mais equitativo. Observadores, no entanto, sugerem que a ideia da bolsa de grãos entre os Brics pode, na verdade, ter como objetivo elevar os preços globais. A Academia Russa de Ciências comparou a iniciativa à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), indicando que ela poderia criar um cartel para manter os preços dos grãos mais altos através da coordenação entre os países exportadores.
Segundo estimativas da União Russa de Exportadores de Grãos, a bolsa dos Brics poderia consolidar de 30% a 40% do comércio global de grãos essenciais. Por exemplo, os países do Brics produzem cerca de 348 milhões de toneladas de trigo por ano, o que corresponde a 44% da produção global. Embora autoridades russas afirmem que outros membros do bloco apoiam o projeto, alguns relatórios apontam para o ceticismo dentro da organização quanto à viabilidade do empreendimento.
Não está totalmente claro porque outros países do Brics, a maioria dos quais são importadores líquidos de grãos, concordariam com a ideia de estabelecer uma bolsa de grãos para manter os preços dos grãos altos. A ACI Rússia argumenta que a bolsa de grãos poderia proporcionar aos países importadores, incluindo China, Índia, Egito, África do Sul e Brasil, um acesso mais previsível e confiável a alimentos. Isso poderia fortalecer a soberania econômica da união e sua capacidade de resistir à pressão externa. Fonte: Poultry World. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.