ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

30/Jun/2025

Dólar recua na contramão do movimento externo

Após operar em queda firme, com mínima a R$ 5,46 (-0,70%), o dólar desacelerou o ritmo de baixa e encerrou a sessão de sexta-feira (27/06) na casa de R$ 5,48. Operadores atribuíram a perda de fôlego do Real, sobretudo, ao fortalecimento da moeda norte-americana no exterior e à alta das taxas dos Treasuries, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que encerrou as negociações comerciais com o Canadá. Houve também certo desconforto com declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em momento marcado por atritos entre o Congresso e o governo. Haddad descartou a possibilidade de alterar as metas fiscais, mas não deu sinais de que o governo pretende cortar gastos e disse que o clima político não colabora para um alívio no Orçamento. Afirmou ainda que o governo pode judicializar a derrubada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelos parlamentares. O dólar fechou a R$ 5,48, em queda de 0,29%.

A moeda terminou a semana passada com perdas de 0,76%, o que eleva a desvalorização acumulada em junho a 4,14%. No ano, o dólar recua 11,28% em relação ao Real, que apresenta o melhor desempenho entre divisas latino-americanas. A consultoria MCM 4intelligence afirma que, além do ambiente externo favorável, o Real se beneficia do "significativo" diferencial de juros internos e externos, que sustenta as operações de carry trade. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou que um debate sobre corte da taxa Selic, que na semana passada foi elevada de 14,75% para 15%, ainda está muito no Comitê de Política Monetária (Copom). Parte da queda do dólar foi atribuída à leva de indicadores divulgados na sexta-feira (27/06) atestando moderação da inflação em um ambiente de atividade bastante saudável. A Pnad contínua do trimestre encerrado em maio mostrou queda da taxa de desemprego, ao passo que o IGP-M de junho apresentou deflação acima da esperada.

Para a MCM 4intelligence, parte do desempenho do Real neste ano reflete uma nítida melhora na percepção de risco do Brasil relativamente a outros mercados emergentes. Além da menor exposição do País ao tarifaço dos Estados Unidos, o Brasil tem um histórico de crescimento nos últimos anos que contrasta com fragilidades observadas em pares. Embora tenha revisado recentemente para baixo a previsão de taxa de câmbio no fim do ano, de R$ 5,80 para R$ 5,70, a consultoria afirma que mantém visão cautelosa em torno do comportamento da moeda brasileira ao longo do segundo semestre. A fragilidade fiscal tem sido agravada pelo acirramento da disputa político-eleitoral antecipada, materializada na rejeição pelo Congresso das recentes medidas de ajuste tributário propostas pelo Executivo. Em meio à crise de popularidade do governo, esse cenário de confronto tende a persistir e potencialmente se intensificar. O resultado deve ser a perda parcial do vigor recente da moeda brasileira ao longo dos próximos meses.

No exterior, o índice DXY, termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, subia cerca de 0,20%, ao redor dos 97,300 pontos, após máxima aos 97,498 pontos. Na semana passada, contudo, o Dollar Index perdeu cerca de 1,40%. Divulgado na sexta-feira (30/06), o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), veio em maio em linha com as expectativas. Já o núcleo do PCE (que exclui itens voláteis como alimentos e energia) subiu um pouco além do esperado. A Armor Capital observa que, apesar do núcleo do PCE levemente acima das projeções, dados de gasto real e venda pessoal vieram abaixo do projetado, reforçando a tese de atividade em desaceleração nos Estados Unidos. Vale destacar os discursos mais recentes de dirigentes do Fed, que adotaram um tom mais dovish, indicando preocupação crescente com a atividade, em especial o mercado de trabalho. Isso contribuiu para o enfraquecimento do dólar na semana passada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.