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27/Jun/2025

Dólar recua com IPCA-15 e em linha com o exterior

O dólar acentuou o ritmo de baixa nesta quinta-feira (26/06) e furou o piso de R$ 5,50, acompanhando o recuo mais expressivo tanto no exterior quanto das taxas dos Treasuries, diante de apostas crescentes em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O Real apresentou o melhor desempenho entre as moedas mais líquidas, incluindo desenvolvidas e emergentes. Operadores atribuem o fôlego extra do Real, em parte, à percepção de um quadro benigno para a economia brasileira, com arrefecimento da inflação revelado pelo IPCA-15 de junho. Além disso, houve reforço do compromisso do Banco Central com a busca pela meta de inflação na apresentação do Relatório de Política Monetária (RPM). As expectativas em torno da corrida presidencial de 2026 também estariam contribuindo para a apreciação do Real. A derrubada do decreto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso mostraria enfraquecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chances de vitória de um candidato mais à direita no espectro político, em tese favorável à política fiscal mais austera.

Com mínima a R$ 4,49, o dólar encerrou o pregão em queda de 1,02%, a R$ 5,49, o menor valor de fechamento desde o dia 17 de junho (R$ 5,49). Após o tombo, a moeda norte-americana volta a apresentar baixa nesta semana (0,48%). As perdas em junho são de 3,86%, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 11,03%. No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, caiu ao menor nível em três anos em meio à notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considera antecipar a nomeação do próximo presidente do Federal Reserve, em substituição a Jerome Powell, cujo mandato termina em maio de 2026. No ano, o Dollar Index cai pouco mais de 10%. O Ouribank afirma que o enfraquecimento global do dólar, com perda de fôlego da economia norte-americana e as apostas para cortes de juros nos Estados Unidos neste ano, ditou o comportamento da taxa de câmbio. O Real se destacou, entre outros pontos, pela leitura benigna do IPCA-15 de junho, que sugere um quadro inflacionário mais controlado.

Isso acaba trazendo uma visão mais positiva para a economia, o que favorece a moeda. A instabilidade política com a derrubada do IOF, que tem um impacto fiscal importante, não abalou o Real. O País continua a "atrair capital especulativo" em razão da taxa de juros elevada. O IPCA desacelerou de 0,36% em maio para 0,26% em junho, abaixo da mediana dos analistas, de 0,31%. Economistas apontam uma composição mais positiva da inflação, com menor pressão no setor de serviços. A apresentação do RPM reforçou a mensagem do comunicado da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a Selic foi elevada de 14,75% para 15%, de que a taxa básica de juros ficará em nível elevado por "período bastante prolongado", o que tende a manter a atratividade do Real para operações de carry trade e a desencorajar o carregamento de posições em dólar. A derrubada do IOF não se traduziu ainda em aumento dos prêmios de risco embutidos na taxa de câmbio, apesar dos impactos negativos sobre a receita, que lançam dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais.

A Warren Investimentos afirma que a derrota do governo "torna quase certa a mudança" da meta fiscal de 2026. O Tesouro Nacional afirmou que não vê em declarações de representantes do Executivo e do Congresso o intuito ou qualquer indicação no sentido de alterar a meta de 2026. A equipe econômica tem de duas a três semanas para encontrar uma solução para compensar a questão do IOF. O prazo está ligado à divulgação, em 22 de julho, do próximo relatório bimestral de receitas e despesas. O Integral Group afirma que parte do mercado já começa a operar de olho na eleição presidencial. A derrubada do IOF sugere que parte expressiva do Congresso começa a abandonar o governo Lula, cuja popularidade está em baixa, e a se posicionar para dar apoio a um candidato da oposição. Parte do mercado leu essa derrota do governo como um sinal de que o presidente Lula não vai vencer a reeleição. Ao mesmo tempo, o Congresso colocou o governo em uma ‘sinuca de bico’, recusando a agenda de aumento de impostos e forçando a um contingenciamento maior para cumprir as metas, o que é positivo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.