27/Jun/2025
A menos de uma semana para o lançamento previsto do Plano Safra 2025/2026, ainda há pontos a serem definidos pelo Executivo no âmbito das fontes de recursos calculados para impulsionar o total de crédito ofertado. Uma das questões em aberto é a incorporação das linhas dolarizadas de crédito no montante da agricultura empresarial. Os financiamentos dolarizados a taxas de juros mais atrativas podem ser acessados por produtores que possuem atividade exportadora, e, portanto, hedge natural na divisa americana porque têm a receita atrelada ao dólar. A alternativa é estudada pelo governo como uma das opções para incrementar os recursos totais ofertados ao setor. No ano passado, o governo tentou movimento semelhante de incorporar R$ 22,5 bilhões nos financiamentos dolarizados da agricultura empresarial em linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a juros entre 8,5% ao ano e 9,5% ao ano.
A cifra foi anunciada, mas ficou de fora dos cálculos gerais do Plano Safra 2025/2026. Na ocasião, foi lançada a linha dolarizada para custeio, até então restrita para financiamentos de investimento. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vem defendendo o aumento das linhas dolarizadas para ampliação do funding para a agricultura empresarial. O reforço das linhas dolarizadas ao financiamento total do setor a fim de alavancar os recursos disponíveis é uma das pautas em discussão no momento. As linhas podem ser incorporadas no total do Plano Safra 2025/2026, principalmente as ofertadas pelo BNDES, para as atividades exportadoras. Atualmente, as linhas dolarizadas para investimento já são amplamente utilizadas pelo agronegócio. O Ministério da Agricultura busca ampliar também as linhas dolarizadas para custeio. Há duas semanas o ministro e equipe da Pasta trataram do tema com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O ministro pediu apoio ao Banco Central para avançar com as linhas de crédito dolarizadas em especial para custeio.
Há uma avaliação por parte do Ministério da Agricultura de que as linhas em dólar para investimento mostram grande apetite e valores expressivos de contratação a juros mais baixos que os praticados no mercado, enquanto a linha dolarizada para custeio evolui a passos lentos, com poucos contratos efetivados e baixo interesse dos bancos. Não há necessidade de novas regulamentações pela autoridade monetária para a linha dolarizada de custeio. Mas, há a leitura pelo governo de que se faz necessária uma espécie de incentivo e aconselhamento para nivelar os entendimentos das diferentes instituições financeiras sobre a modalidade e destravar as contratações da linha. O Banco Central gostou da tese, mas existe uma resistência do mercado em virtude da lembrança do passado, há cerca de 20 anos, quando bancos tiveram que absorver a variação cambial. Essa preocupação faz o setor financeiro adotar o swap cambial nas operações, o que tira a atratividade das linhas e aperta a vantagem competitiva dos recursos captados em moedas estrangeiras.
Quando o agente financeiro não faz o swap, ele transfere a vantagem e o risco cambial ao produtor e como o produtor tem atividade exportadora, ele tem hedge natural de proteção. Uma das opções em estudo pelo Ministério da Agricultura para "driblar" o uso da fixação pela Ptax e do swap cambial é a formulação de um convênio pelos agentes financeiros com empresas creditadas de comercialização digital de grãos para fixação de prazos e de contrato de compra e venda. Essas empresas ficariam responsáveis pela análise de risco dos produtores e pelo estabelecimento de contrato com as tradings, o que diminuiria o risco para os agentes financeiros. Além da ampliação de funding, a ideia do Executivo passa pela análise de que as linhas dolarizadas diminuem a pressão sobre o Tesouro para subvenção das taxas de juros, já que apresentam juros mais atrativos que os financiamentos em Reais. Essa diminuição de pressão permite o direcionamento dos recursos subsidiados para pequenos e médios produtores que não possuem operação exportadora. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.