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27/Jun/2025

Estudo analisa o comércio entre Brasil-EUA-China

De acordo com o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado nesta quinta-feira (26/06) pelo Banco Central, os preços de produtos importados pelo Brasil da China têm mostrado trajetória de queda. Nos últimos anos, já houve aumento expressivo do volume importado pelo Brasil da China, cujos produtos vêm apresentando trajetória de preços distinta da observada para bens importados de outros países. Ao analisar os principais produtos exportados por Brasil e Estados Unidos para a China, conclui-se que a maior parte da sobreposição ocorre na soja. Em abril, os Estados Unidos anunciaram um conjunto de tarifas de importação a todos os países com os quais têm relações comerciais, o que causou um relevante choque comercial e de incerteza sobre a economia global. Apesar da reversão parcial e temporária de algumas medidas pelo governo dos Estados Unidos, de decisões judiciais contrárias e do anúncio de alguns acordos comerciais, ainda persistem dúvidas relevantes quanto à duração e aos efeitos econômicos da medida.

O trabalho tem como intuito analisar o comércio brasileiro com os Estados Unidos e a China para ajudar a dimensionar possíveis impactos sobre as contas externas brasileiras. Juntos, Estados Unidos e China respondem por cerca de 40% das exportações e das importações brasileiras, mas com saldos comerciais bilaterais em 2024 com uma diferença relevante: com a China, o Brasil registrou superávit equivalente a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), valor que correspondeu a 41% do saldo comercial brasileiro no ano. No comércio com os Estados Unidos, houve equilíbrio entre exportações e importações. A abertura da pauta exibe que cinco produtos representaram cerca de 40% dos US$ 40 bilhões embarcados nos portos brasileiros rumo aos Estados Unidos em 2024: petróleo, semiacabados de ferro/aço, ferro-gusa, café e aeronaves. Na relação com a China, há mais concentração em poucas commodities, com cinco itens respondendo por 90% dos US$ 94 bilhões em vendas realizadas no mesmo ano: soja, petróleo, minério de ferro, carnes e celulose.

Nas importações, a pauta é mais diversificada: máquinas, óleos combustíveis, aeronaves e gás natural, que juntos responderam por 34% das importações vindas dos Estados Unidos, e veículos elétricos, equipamentos de telecomunicação, químicos e painéis solares representaram 22% do total importado da China. A China ganhou relevância nas importações brasileiras nas últimas décadas, com o volume importado do país asiático em 2024 sendo 98% superior ao observado em 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19. Em contrapartida, a participação dos Estados Unidos como origem das importações brasileiras apresenta tendência de queda desde 2001, ainda que com oscilações ao longo do período, com retração de 23% no quantum importado em relação a 2019. Ademais, o ganho de representatividade da China ocorreu não somente no volume, mas também no grau de tecnologia associado aos produtos. A partir de 2019, a China superou os Estados Unidos na venda de produtos classificados como de alta e média/alta tecnologia.

Quanto aos preços, os produtos importados pelo Brasil do país asiático têm mostrado uma trajetória de queda, em contraste com os de outras origens. A queda de preços de importação foi relevante: o índice de preços de produtos provenientes da China diminuiu 11% entre 2019 e 2024 (2,2% ao ano), enquanto os preços de bens vindos do resto do mundo subiram 24% no período (4,4% ao ano). Os dados de volume e preços de importação revelam que, mesmo antes da recente imposição das tarifas pelos Estados Unidos, a economia brasileira já vem sendo afetada pela entrada expressiva de produtos chineses a preços mais baixos. O estudo constatou também que Brasil e Estados Unidos disputam o mercado chinês em basicamente quatro produtos: soja, petróleo, carne bovina e algodão. Em 2024, esses itens somaram US$ 21 bilhões em exportações norte-americanas à China e US$ 59 bilhões em vendas brasileiras para o país asiático. Também foram analisados os principais produtos coincidentes entre a pauta importadora americana provenientes da China e do Brasil. A sobreposição é muito pequena, tornando pouco prováveis ganhos relevantes ao Brasil, do ponto de vista macroeconômico, caso os Estados Unidos diminuam suas compras de produtos chineses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.