24/Jun/2025

Segundo o Ministério da Agricultura, o governo brasileiro acompanha com atenção a escalada do conflito no Irã, após a entrada dos Estados Unidos nos ataques no último fim de semana. A questão chave é o risco de fechamento do Estreito de Ormuz, sinalizado pelo Irã, e uma das principais rotas de escoamento no Oriente Médio. Até o momento, os impactos sobre o fluxo comercial de produtos agropecuários são limitados. O eventual fechamento de Ormuz, que depende de decisão do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, pode afetar volumes exportados pelo Brasil, sobretudo de grãos e carnes, para alguns países da região.

Entre os países para os quais pode haver reflexo na exportação brasileira de produtos agropecuários. Kuwait, Catar, Bahrein e Iraque dependem do Estreito de Ormuz para escoamento dos produtos. São países que em primeiro momento teriam algum tipo de dificuldade no abastecimento em caso do fechamento do Estreito de Ormuz. Mas, os fluxos comerciais se ajustam a outras rotas alternativas e há redirecionamento dos volumes para outros destinos, portanto, os impactos tendem a não ser majorados. Ainda é cedo para projetar eventuais perdas de receita. Naturalmente, do lado da exportação, pode haver impactos se o Estreito de Ormuz for fechado.

O governo brasileiro está monitorando quais produtos e para quais destinos os embarques podem ser afetados. Na ponta da importação, o governo vê potencial aumento dos preços da ureia, importante fertilizante nitrogenado, mas sem riscos ao abastecimento do produto. Como o Irã é um grande fornecedor, pode ter impacto no preço da ureia, mas não há dependência pelo Brasil do Irã no fornecimento do fertilizante. Outra preocupação é o preço do petróleo em alta, o que gera impactos na cadeia logística em época de escoamento de safra. Em relação ao Irã em si, a balança comercial entre os países é considerada complementar. O Brasil exporta sobretudo soja e milho ao Irã e importa fertilizantes, em especial ureia.

De janeiro a maio deste ano, as exportações de produtos agropecuários brasileiros ao Irã alcançaram US$ 1,036 bilhão em receita, de acordo com dados do Agrostat (sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro). A pauta exportadora é concentrada em cereais (US$ 508,165 milhões), complexo soja (US$ 466,394 milhões), carne de frango (US$ 153,240 mil) e fumo (US$ 148,539 mil). As importações de produtos agropecuários iranianos pelo Brasil somaram US$ 4,615 milhões, em especial de frutas, nozes e castanhas. O Brasil também importou 61,046 mil toneladas de adubos nitrogenados de janeiro a maio deste ano, com o desembolso de US$ 20,481 milhões, conforme os dados do Comextat, serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.