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18/Jun/2025

China está bem-posicionada na disputa com EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alardeou ter chegado a um acordo comercial “excelente” com a China, o que seria fruto de dois dias de negociações em Londres. Segundo o republicano, a China voltará a fornecer aos Estados Unidos terras raras, insumos críticos para indústrias como a de tecnologia, enquanto as universidades norte-americanas continuarão recebendo estudantes chineses. Além disso, Donald Trump afirmou que as tarifas sobre importações chinesas totalizarão 55%, enquanto exportações norte-americanas serão taxadas em 10% pela China. Mas tudo ainda depende de aprovação do próprio Trump e do presidente chinês, Xi Jinping. Ao comentar as negociações de Londres, a China adotou um tom bem mais vago que o de Donald Trump. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês afirmou que as duas partes concordaram com uma “estrutura de medidas para consolidar os resultados das negociações econômicas e comerciais de Genebra”. Em relação às terras raras, os chineses foram protocolares ao afirmar que continuarão aprimorando o processo de revisão e de aprovação de licenças de exportação.

A verdade é que, após acusar a China de descumprir trégua acordada no início de maio em Genebra, quando os dois países pausaram tarifas de mais de três dígitos um contra o outro por 90 dias, o que os Estados Unidos conseguiram agora foi, com muita benevolência, retomar o que já havia sido estabelecido anteriormente. Acostumado a humilhar países menos poderosos, Trump adotou a única estratégia que realmente domina, a bravata, e foi para cima dos chineses, que, provocados, passaram a jogar o jogo tal como oferecido pelo republicano. Ocorre que os Estados Unidos dependem bem mais das importações chinesas que o contrário. A China impôs tarifas igualmente proibitivas sobre os produtos norte-americanos, o que potencialmente eliminaria o comércio entre os dois países. No meio do fogo cruzado, empresas dos Estados Unidos, sobretudo as pequenas, viram-se num caos. Donald Trump, então, foi forçado a concordar com a pausa nas tarifas. Agora, ao insinuar que a taxação total sobre a China pode ser de 55%, o republicano apenas demonstra que, ao contrário do que prega, segue agindo de modo a estrangular a classe média norte-americana, que provavelmente será forçada a lidar com escassez de bens e com inflação.

Obcecado com tarifas calculadas sabe-se lá como, Trump ignorou que a China estava diversas casas à frente dos Estados Unidos em áreas como a produção de terras raras e que também teve avanços significativos no desenvolvimento de tecnologias diversas. Sem acesso às terras raras, a indústria norte-americana corre o risco de paralisação. Já as restrições dos Estados Unidos a exportações de tecnologia para a China não surtiram o efeito desejado. Tudo combinado, os norte-americanos ficaram sem algo essencial: a China responde por 70% da produção de terras raras do mundo. Já os chineses desenvolveram seus próprios chips e semicondutores. Autodeclarado mestre da negociação, Trump tem sido desmoralizado pelos chineses num jogo em que ele mesmo deu as cartas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.