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22/May/2025

Consumidor muda de categoria para driblar preços

Segundo o estudo "O Custo Invisível" da NielsenIQ, com a inflação pressionando os lares brasileiros em 2025, o consumidor tem recorrido a um conjunto de táticas para continuar abastecendo sua casa sem estourar o orçamento. o comportamento de compra no País está sendo moldado por quatro estratégias principais: troca de categorias, busca por novos produtos, foco em preço, e promoção e diversificação dos canais de compra. A primeira reação do consumidor é clara: migrar para categorias correlatas mais baratas, reduzindo o consumo de itens que tiveram maiores reajustes. De acordo com a pesquisa, 74% das categorias que perderam volume estão sendo substituídas por produtos similares com melhor relação custo-benefício. É o caso, por exemplo, da troca do café em pó pelo café solúvel, ou da substituição do leite condensado pela mistura láctea condensada.

Embora o dado se refira à comparação entre 2023 e 2024, a mesma tendência já é claramente perceptível neste início de 2025. Já não se trata apenas de trade-down ou trade-up (mudança de marca para uma mais barata ou mais cara, respectivamente) dentro da mesma categoria. O que se vê agora, de forma bastante expressiva, são consumidores deixando de comprar determinados itens e migrando para outras categorias que cumprem a mesma função, mas com preços mais acessíveis. Outro exemplo é a substituição da vodca por misturas alcoólicas prontas para beber, ou ainda o uso crescente do alvejante com cloro no lugar do sem cloro. O consumidor está reavaliando prioridades e fazendo escolhas práticas para manter a rotina de consumo, mesmo que isso signifique abrir mão de certos produtos habituais. Em segundo lugar, a busca por lançamentos que ofereçam equilíbrio entre valor e preço vem ganhando espaço.

O estudo aponta que mais de 39 mil novos itens foram registrados só neste ano, com destaque para produtos de tíquete médio mais baixo. O paradigma de que lançamento é sinônimo de produto premium já não é mais verdade. Os consumidores querem novidades, sim, mas que caibam no bolso. A terceira estratégia adotada pelos consumidores é a valorização de marcas que sabem executar boas promoções. Com a fidelidade em queda, 62% dos lares priorizaram o preço em vez da marca no ano passado, o que amplia a efetividade de ações promocionais bem planejadas. A elasticidade nas categorias básicas chega a 2,1%, isso significa que, a cada 1% de redução no preço, o volume vendido pode subir mais de 2%. Promoção, quando bem feita, gera resultado real, mas ainda há muito desperdício. Além disso, o consumidor tem diversificado os canais de compra.

O atacarejo (cash & carry) segue em expansão: em 2024, 67% do crescimento do canal veio de consumidores recorrentes, enquanto 25% foram impulsionados por migração de outros formatos. O e-commerce também avançou, especialmente na compra de itens básicos, que hoje representam mais de 35% dos gastos online com produtos de grande consumo (FMCG). Hoje, o consumidor usa em média sete canais diferentes ao longo do ano para montar sua cesta. Ele compara, pesquisa, escolhe conforme a ocasião e o preço. O que ele quer é encaixar o consumo no orçamento sem abrir mão de tudo. Apesar do cenário desafiador e da queda no volume geral de consumo, o estudo mostra que o consumidor busca alternativas viáveis para preservar o essencial. Entrava com R$ 100,00 e saía com dez produtos. Hoje, sai com seis ou sete produtos. Essa percepção direta é o que molda o comportamento, muito mais do que os indicadores macroeconômicos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.