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19/May/2025

BB busca tratamento diverso em operações do Agro

O Banco do Brasil está iniciando conversas com o Banco Central para que as operações do agronegócio sejam tratadas de forma distinta sob as novas regras contábeis, que no primeiro trimestre pressionaram o custo de crédito do banco no segmento. Havia incertezas sobre como o crédito para o agro se comportaria sob os modelos de perda esperada, que pedem provisões contra a inadimplência antes que o atraso aconteça. Agora, já se sabe o comportamento da carteira agro. A surpresa foi o agravamento da inadimplência. O modelo de perda esperada no Brasil preservou os pisos mínimos de provisão, que existiam na regra anterior, mas que não existem em outros mercados. Um desconto nesses mínimos é o que está sendo debatido com o regulador. As recuperações judiciais de produtores rurais é um dos fatores que explicam o maior impacto da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o banco em relação aos pares.

Na inadimplência da carteira rural, tem um fenômeno que não ocorreu no ano passado, que é a recuperação judicial. Quando o cliente opta pela recuperação judicial sem negociar com o banco, esse ativo automaticamente vira problemático. Com a entrada do ativo na classificação de problemático, há um efeito duplo: além de ter de provisionar o crédito, o banco é obrigado a deixar de contabilizar os juros dessa operação. Ou seja, o impacto é tanto nas despesas quanto nas receitas. O crescimento das recuperações judiciais de produtores está relacionado a uma "litigância predatória". Muitos advogados estão “vendendo os céus para os médios produtores”, e não é, porque à medida que eles recorrem à RJ, ficam esterilizados, não têm mais acesso a crédito. Os produtores têm conseguido colher as safras, mas que as despesas financeiras têm sido mais altas que a capacidade de pagamento. 80% da inadimplência vem de produtores que nunca ficaram inadimplentes.

Os impactos são de recuperações judiciais que já estavam em andamento, porque com a resolução 4.966 é preciso considerar todo o efeito na provisão. Os processos de recuperação e renegociação de crédito no agro têm funcionado, tanto que os novos pedidos de RJ de produtores rurais clientes do banco caíram. Os produtores têm mecanismos especiais de renegociação que dispensam a necessidade do processo de RJ. A maior parte dos agricultores classificados no patamar mais baixo de qualidade de crédito seguem pagando seus empréstimos. Com isso, o banco tem perspectivas boas de recuperação. 80% dos agricultores do estágio 3 estão em dia. O banco espera um fluxo mais normalizado de pagamentos a partir do segundo trimestre diante da colheita da safra de milho.

Muitos produtores de soja, cultura mais afetada pela inadimplência, também plantam milho no final do ciclo das safras. O banco já vê perspectivas de melhoria na qualidade de crédito da carteira agro. Essa melhoria pode não aparecer no resultado do segundo trimestre, mas as previsões para o setor neste ano são positivas. O banco já vislumbrava uma continuidade da deterioração do agro, mas a colheita está acontecendo, a safra será recorde e há perspectiva de estabilização dessa carteira. Os números de abril ainda não demonstram essa recuperação, mas é muito importante considerar o calendário do agro. A colheita da safra aconteceu em março e, portanto, ainda é necessário comercializar as culturas colhidas. Com isso, é de se esperar que de maio em diante, os números do setor melhorem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.