16/May/2025
O dólar fechou esta quinta-feira (15/05) com alta firme no Brasil, na contramão do exterior, com o mercado se apegando a especulações de que o governo estaria preparando um conjunto de medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, ano eleitoral, com efeitos negativos para a área fiscal. Mesmo com o desmentido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o dólar fechou em alta de 0,84%, a R$ 5,68. No mês, a divisa acumula leve alta de 0,07%. Com o alívio na disputa tarifária entre Estados Unidos e China, após acordo de 90 dias entre os países nesta semana, os agentes foram em busca de novos motivos para operar no câmbio brasileiro. Nesta quinta-feira (15/05), as especulações na imprensa de que o governo poderia lançar medidas econômicas para melhorar a avaliação de Lula deram motivo para a busca por dólares. Por trás do movimento está a avaliação de que as medidas podem dificultar ainda mais o equilíbrio fiscal, principal ponto fraco do governo Lula, na avaliação dos economistas.
Em meio às especulações sobre um possível pacote, o dólar renovou máximas ante o Real, com altas superiores a 1%. Em meio ao estresse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu dar uma rápida entrevista. Segundo ele, as únicas medidas preparadas por sua Pasta para envio a Lula são pontuais e para cumprimento da meta fiscal. Ele acrescentou que o Orçamento de 2026 ainda não começou a ser discutido. Na quarta-feira (14/05), após a Veja noticiar que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) estaria preparando uma proposta para reajustar o valor do Bolsa Família de R$ 600,00 para R$ 700,00 a partir de janeiro de 2026, o ministro da Pasta, Wellington Dias, disse à Reuters que não há estudo e nem proposta nesse sentido. Haddad reforçou: "Não há da parte do MDS pressão sobre a área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios". O desmentido de Haddad fez o dólar perder força ante o Real e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) desacelerarem, mas o movimento foi momentâneo.
Ainda que Haddad tenha negado mais uma vez, em nome do governo, as especulações sobre medidas fiscais, o mercado se apegou aos ruídos para operar. Para a Correparti Corretora, o avanço firme do dólar ante o Real, mesmo com as negativas do governo, é mais especulação do que qualquer coisa. O mercado está parado após o acordo entre Estados Unidos e China, então tem que surgir algo para os especuladores ganharem dinheiro. E o dólar também estava barato nos níveis próximos de R$ 5,60. Os agentes preferiram se apegar aos ruídos que às falas de Haddad. Às 15h15, já após os comentários do ministro, o dólar marcou a cotação máxima de R$ 5,70 (+0,92%), para depois voltar para abaixo deste nível. O avanço do dólar no Brasil esteve na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana cedeu ante boa parte das demais divisas, em reação a dados fracos do varejo norte-americano divulgados mais cedo. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,18%, a 100,820. O Banco Central vendeu toda a oferta de 25.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.